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Vice-Presidente de finanças: "Arrecadamos mais do que gastamos"

Em entrevista, Rodrigo Tostes explica evolução econômica do Flamengo

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Com quase dois anos de austeridade e pagamento de dívidas, o Flamengo tem ido na contramão de muitos clubes do futebol brasileiro ao pregar e agir com responsabilidade fiscal. A evolução nas receitas e do clube tem sido vital para manter esse ritmo que tem melhorado a situação financeira do Mais Querido a cada ano. Em entrevista, o vice-presidente de finanças Rodrigo Tostes deu mais detalhes sobre o assunto.

"Não adianta sonhar, sem realizar. Precisamos realizar primeiro para estruturar tudo", revelou. O Flamengo já diminuiu a dívida de R$750 milhões para menos de R$600 milhões em quase dois anos. O processo não foi fácil e começou com a base de qualquer equipe campeã: na formação de um time, ou seja, uma equipe de finanças com competência para buscar renegociações, priorizar o mais urgente e buscar todo o necessário para transformar o Rubro-Negro em clube-cidadão. Tudo para culminar em títulos como a Copa do Brasil, o Estadual e outros que o futuro sempre reserva para as instituições mais organizadas no mundo do esporte.

Confira parte da entrevista:

São quase dois anos na área financeira do clube. Tudo começou com uma auditoria para ver qual era a real situação do Flamengo. Como isso foi importante para os próximos passos?
Tostes: Estamos trabalhando junto com uma grande equipe no Flamengo para dar passos um dia após o outro. Na verdade, o primeiro passo anterior à auditoria foi a criação de um time. A gente tentou trabalhar exatamente como trabalha um time de futebol. Dividindo os trabalhos de maneira bem clara entre vice-presidentes para cada um ter uma estrutura para tocar o dia a dia. Muita gente me para na rua para indagar como é minha rotina, me dividindo entre minhas funções dentro e fora do clube. Mas essa nunca foi a teoria do grupo, que venceu as eleições em 2012. Nossa intenção era trazer um time qualificado para realizar esse trabalho e escolher um time rejuvenescido e totalmente estruturado.

E qual a maior dificuldade?
Tostes: A maior dificuldade foi descobrir o tamanho desse buraco que tínhamos. Hoje, já é uma dificuldade muito menor do que aquela que havia quando chegamos, que é equalizar a paixão de torcedor – de querer construir, fazer, de querer ver tudo realmente acontecer – com a dificuldade financeira. Hoje sofremos com isso, mas o horizonte é muito melhor do que aquele que encontramos: 2013 foi um ano muito difícil, 2014 também foi, mas 2015 será um ano mais fácil.  A luz no fim do túnel, diferentemente daquilo que encontramos que parecia um trem, hoje temos certeza que é um sol. Em 2016 e 2017, sobrará dinheiro em caixa e são várias as notícias boas que teremos a dar para a Nação Rubro-Negra daqui pra frente.

Você esperava esse resultado tão bom?
Tostes: Sim, esperava. A competência do grupo que foi montado para trabalhar aqui, o perfil de todos os vice-presidentes que vieram são de pessoas que trabalham em grandes empresas, que entendem que não dá para meter os pés pelas mãos. E que não adianta sonhar, sem realizar. Precisamos realizar primeiro para estruturar tudo. O que costumo dizer é que não é trabalho de herói. O grande legado que a área financeira do Flamengo vai deixar é que montamos um time técnico muito forte.

Fomos capazes de explicar para outros setores do clube a importância de resgatar a parte financeira para poder dar próximos passos e, devagarinho, estamos avançando. Temos um resultado muito efetivo nos esportes olímpicos, aqui na Gávea, onde várias áreas foram revitalizadas, e no futebol. Alguns que não querem admitir, mas o time foi campeão carioca este ano e campeão da Copa do Brasil em 2013. Não dá para de um dia para outro, estarmos entre os três, quatro primeiros, diante do que encontramos. Mas pode ter certeza que vamos fazer isso acontecer, um dia após o outro, não tenha a menor dúvida.

É muito importante que continuemos mantendo a responsabilidade, a transparência... Hoje somos um dos poucos clubes no Brasil que arrecada mais do que gasta. Isso é uma lição que toda dona de casa, toda empresa tem. O Flamengo hoje efetivamente cumpre isso. Nosso endividamento está diminuindo, ou seja, arrecadamos mais do que gastamos.

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