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Fred Luz é palestrante de fórum de marketing esportivo

CEO do Flamengo fala sobre as práticas da nova gestão do clube

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O CEO do Flamengo, Fred Luz, abriu o IX Fórum Internacional ABA de Marketing Esportivo de Resultados, na manhã desta quarta-feira (21.10), no Espaço Furnas Cultural, na Zona Sul do Rio. O dirigente rubro-negro participou do debate "Futebol - Clubes fortes, campeonatos fortes", ao lado de José Carlos Brunoro, especialista em Marketing Esportivo e ex-dirigente do Palmeiras. O coordenador-geral da ABA-Rio, Sérgio Azevedo, foi o moderador.

A atual gestão profissional do Flamengo começou a ser elogiada já no discurso de abertura do presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Eric Albanese. Na mesa, Luz falou mais sobre as transformações da nova gestão no Marketing, passando pelo futebol.

Confira os principais pontos abordados pelo CEO do Flamengo:

Fuga do amadorismo
- O que estamos fazendo no clube ainda é um trabalho de limpeza da casa. Estamos no começo do começo do começo. Para quem vem de fora desse mundo, fui engenheiro da Petrobras, e depois migrei para o varejo... Minha chegada ao Flamengo é uma continuidade desse processo. Minha cabeça foi mudando na questão da geração de valor, que nem sempre é apenas subjetiva. A paixão move o mundo e não é diferente em um clube de futebol. Mas a paixão desassociada de uma forma estruturada de entender relações de causa e efeito, não muda sozinha. Queremos criar uma cultura de aprendizado organizacional, procurando entender o que gera ou não valor.

Lojas Oficiais
- O Flamengo não tinha um modelo formal de relacionamento com lojas oficiais. Parece absurdo. Contratamos um escritório jurídico de busca e apreensão. Geramos muita receita a partir disto.

Futebol
- Temos áreas de inteligência e mercado sendo desenvolvidas para maior assertividade na busca de atletas. Estamos começando a estruturar métodos para tirar o melhor de cada jogador. O Flamengo reorganizou uma área de psicologia. Estamos acompanhando nossos atletas da base nas seleções. Hoje, temos sete convocados na sub-15. Nossos resultados esportivos vêm melhorando. Esse ano, devemos subir cerca de quatro a cinco jogadores do sub-20 para o profissional. Está longe do ideal, mas vamos melhorando. 

Desafio da realidade brasileira e do Real desvalorizado
- Quando temos uma variação cambial desse tamanho, perdemos capacidade de compra. Por outro lado, podemos focar mais na capacidade de fabricação. O potencial de receita do Flamengo é enorme e iremos ganhando experiência nos processos do futebol. A FERJ, em nossa opinião, é um desserviço ao futebol carioca. O Flamengo como um clube líder no Rio de Janeiro não poderia ter deixado chegar na situação que chegou, mas está correndo atrás de melhores processos. Agora, é preciso que as práticas do clube se estendam para outros. Os time do Rio de Janeiro estão em decadência. Na CBF, vejo alguns movimentos internos de organização, mas não sabemos se irá prevalecer. Os clubes, principalmente das séries A e B, precisam assumir o protagonismo de suas gestões coletivas. Sem isso, dificilmente o futebol brasileiro vai progredir. Hoje, as federações e confederações têm muito mais poder político e econômico do que os clubes.

Estádio
- Historicamente, o Flamengo, infelizmente, foi uma sucessão de descasos. Quem está fragilizado financeiramente não compra, tem que pagar. Ninguém no passado nunca se organizou para termos estádio. E quando a nova gestão encontrou R$ 750 milhões em dívida, nenhuma certidão, não seria nem candidata a disputar concorrência pelo Maracanã. À medida em que o Flamengo dominou dívidas e aumentou receitas, pouco a pouco nos aproximamos do momento em que teremos um estádio. Muito mais do que o dia do jogo, é o local em que o torcedor interage com seu clube. Não vejo a necessidade de um intermediário para os clubes. Para mim, o caso Maracanã pode não ser sustentável. Não sei como o Maracanã resistiria sem o Flamengo jogando lá ou tendo outro estádios, já que geramos cerca de 70% da receita. Hoje o Flamengo tem modelos econômicos. Mas a situação econômica do Brasil piorou, isso pode atrasar um pouco mais nosso processo, já que os juros aumentaram para algum financiamento neste sentido.

Preços dos ingressos
- Na minha opinião, a falada "elitização dos preços" é uma falácia mais do que uma verdade. Aquele jogo contra o Grêmio, em que fomos hexacampeões brasileiros, teve ingressos esgotados em 15 minutos, o que é fisicamente impossível. Quem comprava na época pelos preços mais baixos eram os cambistas. O Maracanã já tentou entregar gratuidade antes, e os cambistas pegavam todas. Hoje é dado na porta do estádio. Em 2012, a receita líquida do Flamengo de bilheteria foi de R$ 3,5 milhões. Em 2013, foi de R$ 21 milhões. Não podemos dar o patrimônio do Flamengo. Dar camisas, dar ingressos. O Rio de Janeiro tem nove mil ingressos gratuitos. Não tem nenhum preço abaixo de zero. Quem está por trás dessa discussão política são as pessoas que se aproveitavam da farra dos ingressos.

Espetáculo ainda melhor
- As torcidas do Flamengo têm se metido em pouca confusão, estão com um comportamento legal. Temos relacionamento com eles, mas não damos ingressos.