Carlinhos eterno!
As inesquecíveis notas tocadas pelo Violino
Por Isabela Abirached e Francisco Freire - emPela elegância e precisão em campo, Luiz Carlos Nunes da Silva recebeu o apelido de Violino quando desfilava seu futebol como classudo volante, mas a alcunha também poderia se referir à música que conduzia os times que comandou como técnico. Um dos grandes craques e maiores técnicos do clube, o ídolo nos deixou em junho de 2015, mas segue eternizado em sua "segunda casa", como chamava a sede da Gávea, em um busto na Praça Carlinhos, que também recebe seu nome.
Como jogador, de 1958 a 1969, participou das conquistas de dois campeonatos estaduais e do Torneio Rio-São Paulo de 1961. Defensor como poucos, foi um dos únicos a ganhar o Prêmio Belfort Duarte, por nunca ter sido expulso de campo, e é apontado até hoje como um dos maiores da posição no futebol brasileiro. Carlinhos, que recebera as chuteiras de Biguá quando garoto, na despedida do jogador em 1954, repetiu o gesto em sua aposentadoria como atleta, passando seu instrumento de trabalho para um garoto promissor da Gávea - Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Aquele não seria o final de Violino, e sim um novo começo, como treinador.
Treinador multicampeão
Mesmo após pendurar as chuteiras, o jogador nunca perdeu vínculo com seu clube de coração. Tendo trabalhado no Flamengo por muitos anos, Violino recebeu sua primeira oportunidade como treinador do time profissional de futebol ao substituir Paulo César Carpegiani, no ano de 1983. Naquele ano, Carlinhos fez parte da conquista do tricampeonato brasileiro, já que assumiu o time como interino na campanha que teria como comandante o então treinador Carlos Alberto Torres.
Violino chegou a treinar outros clubes, mas sua paixão pelo Flamengo resultaria em sete passagens pela Gávea. Pela habilidade de contornar crises, ficou conhecido internamente como um "bombeiro" do clube. Em muito pouco tempo, saiu da condição de 'sempre interino', passando a ser extremamente respeitado como treinador e conquistando de vez a Nação Rubro-Negra, com seu carisma, serenidade e estrela. Depois de levar o Flamengo ao tetracampeonato brasileiro, em 1987, e ser bicampeão da Taça Guanabara (1988-1989), o ex-jogador assumiu o Mais Querido novamente em 1991, para disputar o Campeonato Carioca (em que foi campeão) e a Supercopa dos Campeões, com um time considerado mediano. No ano seguinte, comandou o time que surpreendeu a todos ao chegar na fase final do Campeonato Brasileiro de 1992 e se sagrar pentacampeão após dois jogos históricos contra o rival Botafogo.
Carlinhos teve a habilidade para administrar um elenco que tinha extremos. Jogadores experientes, como o "Vovô-Garoto" Júnior; e uma leva de promessas - Júnio Baiano, Marcelinho, Piá, Nélio, Djalminha, Paulo Nunes e companhia. Na decisão, contra o Botafogo - que vinha com melhor campanha na fase anterior -, deu Flamengo. Os comandados do Violino executaram uma verdadeira sinfonia em campo e, no primeiro jogo, já puseram as mãos na taça: 3 a 0. O empate por 2 a 2 no jogo de volta - com direito a golaço do Maestro - selou a conquista do penta rubro-negro, uma das maiores glórias da carreira de Carlinhos.
Depois desta marcante passagem, ainda viriam outras três, com mais alguns títulos para o currículo do inesquecível Violino: os campeonatos cariocas de 1999 e 2000 e a Copa Mercosul de 1999. Seus números impressionantes à frente do Rubro-Negro levaram muitos dos 40 milhões de apaixonados pelo Flamengo a colocarem Carlinhos como o melhor técnico da história do clube