Um griô em vermelho e preto
Por Chico Freire - emGriô: termo de origem na África ocidental. “No Brasil, indivíduo que, numa comunidade [..], detém a memória do grupo e funciona como difusor de tradições.” (Dicionário Oxford)
A história do Flamengo reserva aos seus seguidores alguns privilégios. O rubro-negro pode falar sobre a gigantesca torcida que acompanha o clube, uma verdadeira força da natureza. Pode citar o Manto Sagrado, de cores inconfundíveis, que entorta qualquer varal e vence qualquer disputa. Pode, ainda, lembrar com orgulho de craques inigualáveis, verdadeiros colossos que representaram de forma humana as forças e valores do clube. Pode contar de momentos que dobraram o impossível, desafiaram a lógica, transformaram a realidade.
O Clube de Regatas do Flamengo, um fenômeno cultural único e avassalador, pode se orgulhar, acima de tudo, de ter um representante à altura de sua tradição. Um sábio que nunca entrou em campo, mas que presenciou de forma particular esta trajetória: Adenir Silva, o popular Denir.
Tratado com reverência, admiração e carinho por cada jogador do elenco de futebol profissional, por cada funcionário, por cada torcedor. Denir retribui cada sentimento com verdade no olhar e dedicação em cada gesto. Carrega as cores do Flamengo com orgulho e plena consciência da responsabilidade que o Rubro-Negro exige de quem o representa.
Denir chegou ao Flamengo precisamente no dia 26 de outubro de 1981. Nos últimos 41 anos, participou de absolutamente todas as conquistas possíveis. De A a Z, de Adriano a Zico; recebeu no clube atletas consagrados e acolheu aqueles que aqui fariam história. Se tornou um consenso. Viveu dias de êxtase, mas também atravessou os piores momentos.
Nunca abaixou a cabeça, pelo contrário: sempre altivo com o “CRF” no peito, há quatro décadas é uma certeza, uma garantia. À beira do gramado, a Nação pode ver sempre nossa história viva. Um verdadeiro griô, na acepção mais literal da palavra: um guardião de nossas tradições, dos nossos valores, da nossa trajetória. Daquilo que nos une. Um monumento de rubro-negrismo vivo.
O abraço e as boas energias de mais de 42 milhões de torcedores celebram, mais do que nunca, a vida e a força de Denir. 41 anos (e três dias) depois da chegada ao Rubro-Negro, a chance de conquistar mais uma vez a Glória Eterna.
Mais uma tradição para difundir para as futuras gerações.