Primeiro goleiro profissional do Flamengo, Fernandinho morre aos 105 anos
Ex-jogador nos deixa com muita saudade e a certeza de que está, para sempre, na história do Mais Querido
Por Comunicação Flamengo - em
O sábado (28) amanheceu de luto. Na madrugada, Fernando Ferreira Botelho, o nosso Fernandinho, faleceu aos 105 anos no Rio de Janeiro. O ex-jogador foi o primeiro goleiro profissional da história do Clube de Regatas do Flamengo e deixou seu nome eternizado na memória da Nação Rubro-Negra.
Fernandinho defendeu o Manto Sagrado de 1931 até 1934. Nascido em 2 de março de 1913, ele esteve em 62 partidas do Mais Querido do Mundo. Antes de ser oficialmente profissional, o goleiro jogava de graça e por um amor que levou até seu último dia.
No velório, realizado neste sábado, o goleiro foi celebrado pela família e amigos, além de pessoas que sempre o admiraram. Cantando o hino do Flamengo, todos puderam dar o último e emocionante adeus ao ex-atleta.
A história de Fernandinho se mistura à do Flamengo. Último goleiro rubro-negro no estádio da Rua Paissandu, a casa do Fla de 1916 a 1932, ele ostentava uma marca impressionante: nunca perdeu para o Fluminense vestindo o Manto.
Em 1919, quando tinha apenas 6 anos, o goleiro foi ao estádio de Laranjeiras na derrota do Flamengo para o Fluminense por 4 a 0, que garantiu o tricampeonato estadual (1917-18-19) para o rival. Já como arqueiro titular em 1932, Fernandinho "se vingou” dos tricolores, vencendo pelo mesmo placar. Em diversas entrevistas concedidas ao longo dos anos, ele contou que esse foi o melhor confronto de sua vida.
Ao site oficial, Fábio Leme, neto do jogador e jornalista, falou sobre o papel do avô em sua vida dentro e fora das arquibancadas.
“Não sei exatamente quando descobri essa coisa toda de Flamengo. Lembro de fazer escolinha no clube e era ele que me levava. Sou goleiro de pelada até hoje e sempre gostei de jogar assim, escolhi essa posição antes de saber quem ele foi. A vida foi me mostrando isso. Para mim, ele sempre foi meu avô. Sabia que tinha jogado no Flamengo, mas era muito pequeno e não tinha noção da dimensão. Passei minha infância quase toda no Fla e no Jockey, que era a outra paixão dele. Sempre me incentivou muito, sem me pressionar por ter jogado. Fui a maior alegria dele, mas também a maior decepção por não ter seguido a carreira. Ele não aceitou que eu tivesse parado de agarrar. Mas sempre fomos muito conectados, ele era um vozão mesmo. Me buscava na catequese às segundas-feiras e minha mãe pedia para me levar direto para casa, mas ele me levava para comer sanduíche, por exemplo. Ele sempre foi muito tranquilo, calmo, e sempre meu avô, e não o primeiro goleiro do clube”, relembrou Fábio.
Quem também esteve presente no velório foi o presidente Eduardo Bandeira de Mello, que comentou sobre a importância da figura de Fernandinho para o Flamengo. “Fernandinho foi um personagem ilustre da história do Flamengo. E era uma pessoa simpaticíssima e um torcedor apaixonado. Vamos nos lembrar sempre dele com saudade e carinho”, afirmou.
O Clube de Regatas do Flamengo lamenta profundamente da perda de um dos seus ícones e celebra a vida de quem se dedicou com tanto amor a defender o Manto Sagrado. Fernandinho, você é eterno.