Notícias

Que torcida é essa?

Virou maior do mundo. #aquiehdiferente

Por - em

Quando o Flamengo entra em campo, seja em terra, mar ou votação popular, ele entra pra ganhar. Em 1927, um concurso promovido pela água mineral Salutaris e pelo Jornal do Brasil teve como objetivo eleger o "clube mais Symphatico’’ do Rio de Janeiro.

O torcedor tinha que escrever o nome do seu time favorito no rótulo da garrafa d'água ou no cupom impresso no jornal e enviá-lo preenchido para a sede do Jornal do Brasil. O vencedor levaria a Taça Salutaris e o título de clube mais Symphatico do Rio de Janeiro.

A campanha mexeu com a cidade e as torcidas. Assim, vascaínos em sua maioria de origem portuguesa e que tinham mais poder aquisitivo, como os comerciantes, donos de padarias, bancas e mercadinhos, usavam todos os rótulos recebidos em seus estabelecimentos a favor de seu clube.

Encheram sacolas e mais sacolas de rótulos, buscando levar título e taça para ‘’casa’’. Mas com o Flamengo o buraco é literalmente mais embaixo. Sabendo disso, os rubro-negros tiveram uma sacada, uma nova destinação para os votos do rival. Para isso, alguns torcedores do Flamengo se posicionaram perto da sede do jornal, e no dia 2 de janeiro de 1928, disfarçados com escudinhos do Vasco, bigodes falsos e imitando sotaque lusitano (“Ora pois pois, Aqui és Vasco da Gama, OPÁ”), flamenguistas recolhiam dos comerciantes os votos que seriam para o rival e despejavam nas latrinas do prédio do jornal.

Com o tempo todas as privadas ficaram entupidas e então passaram a jogar no poço do elevador. Ao final da apuração, o Flamengo somou 254.850 votos e venceu a disputa, que ficaria marcada na história como o primeiro vice de seu rival contra o Flamengo. Atualmente, a Taça Salutaris é exibida no Fla Memória, museu do clube, na sede da Gávea.

Além do título de mais Symphatico, o lado principal fixo no Maracanã e o apelido de O Mais Querido, o Flamengo ainda possui o recorde de público em jogos entre clubes. O maior público que o estádio do Maracanã já recebeu foi em um jogo do Flamengo no dia 15 de dezembro de 1963. Naquela ocasião 194.063 pessoas estavam presentes no Maracanã. Segundo Nelson Rodrigues, ‘’os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas para assistir ao maior Fla-Flu de todos os tempos’’.

Naquele dia estavam na arquibancada torcendo pelo Mengão nosso Rei e Maestro, que para nossa alegria passariam a nos representar dentro de campo logo mais.

A torcida do Flamengo é tão especial que até nosso mascote foi criado por ela. Em sua centenária história, o Flamengo possui dois mascotes: O marinheiro Popeye e o Urubu. O primeiro mascote da história do clube foi definido na década de 40, mais precisamente no ano de 1942. Naquela época, os jornais esportivos resolveram criar personagens para uma história em quadrinhos durante o campeonato carioca do ano. Cada um dos clubes do Rio de Janeiro seria representado por um personagem a ser escolhido pelo cartunista argentino Lorenzo Molas. O Flamengo teve como escolhido o marinheiro Popeye. A escolha foi feita por conta da força e valentia com que o clube conseguia reverter situações quase impossíveis. Além disso ambos possuíam grande ligação com o mar.

Em 1969, eis que surge um novo mascote. Por conta do grande número de afro-descendentes e pessoas de baixa renda, torcedores adversários costumavam provocar a torcida do Flamengo nos estádios com gritos de ‘’urubus’’. O que era para ser um apelido ofensivo, acabou se tornando mascote de uma nação.

O Flamengo não vencia o Botafogo há 2 anos, e na época, os dois clubes faziam o clássico de maior rivalidade no futebol carioca. Nas arquibancadas, os torcedores do Botafogo gritavam, como sempre, que o Flamengo era time de ‘’urubu’’. Piadinha racista? Aqui não tem essa. Temos orgulho de nossas origens, de quem somos.

Quatro amigos então tiveram a ideia de levar um urubu para o Maracanã e soltar em um Clássico. Luiz, Romilson, Victor e Erick, iniciaram a missão. Moradores do Leme (Zona Sul) os amigos decidiram tentar a captura da ave em um lixão localizado na Praia do Pinto, na Lagoa.

Sem encontrar nenhum urubu por lá, foram em direção a outro lixão, no Caju (Zona Norte). Chegando lá, também não encontraram urubus, mas foram informados de que pela manhã mais de mil aves ficavam por ali.

A gente não desiste mesmo. E na manhã seguinte, com a ajuda de um gari rubro-negro, os amigos capturaram a ave com um lençol. No caminho de volta para a Zona Sul, o animal conseguiu se soltar do lençol, obrigando os amigos a pararem o carro na Av. Brasil, e conseguirem um saco para conter o animal, que regia com bicadas. Já contido, o animal passou a noite no porão do prédio de Romilson, que partiria para o Maracanã com o animal no dia seguinte. Com o urubu escondido em uma bandeira, os amigos conseguiram entrar sem problemas no estádio. A ideia inicial era soltar o animal quando os times entrassem em campo. Mas como houve um atraso das equipes, e o urubu estava agitado com os morteiros, bicando os que o seguravam, o lançamento foi antecipado.

Uma vez que o animal portando uma bandeira do Flamengo estava em campo, a torcida rubro-negra se viu em êxtase! E se iniciou a festa, vibrando e gritando: ‘’É ururbu, é urubu!’’. Não deu outra, o Flamengo venceu aquele jogo por 2 a 1. A partir daí, o jogo virou e o urubu sagrou-se como novo mascote.

Ah Flamengo, até quem não torce para você ouve e canta os seus feitos mundo a fora. Inúmeros artistas da música brasileira ao longo da história homenagearam o Clube com canções e passagem em letras. Wilson Batista, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá, Moraes Moreira, João Nogueira, Bebeto, Claudinho e Buchecha, Marcelo D2, dentre outros foram responsáveis por espalhar músicas relacionadas ao clube por todo país, aumentando ainda mais a nossa popularidade. “Alô torcida do Flamengo! Aquele abraço!”

Vai aí uma playlist para você que todos cantam mundo a fora:

País Tropical (Jorge Ben Jor) – “sou Flamengo e tenho uma Nega chamada Teresa”

Fio Maravilha (Jorge Ben Jor) – “Fio Maravilha, faz mais um pra a gente ver!

Arigatô Flamengo (Bebeto, 1982) – “Tini Shan Shin Gorô Curi Tirá Tigu Nisam, o Flamengo derrotou.

Samba Rubro-Negro (Wilson Batista) – “Flamengo joga amanhã eu vou pra lá”

Vermelho e Preto (Claudinho e Buchecha) – “OOOOOO Zigui Zague ou Rubro Negro eu sou”

Vitorioso Flamengo (Moraes Moreira) - “Flamengo eu sou teu fã, grito de gol levanta, sacode o maracanã!”

Camisa 10 (Jorge Ben Jor) – “É falta na entrada da área, Adivinha quem vai bater”

E o melhor é que esse jogo nunca acaba. Quem veste esse manto conhece a nossa origem e a história que carrega.