Marcos Braz fala sobre planejamento do futebol
Dirigente destaca busca por renovação com o técnico Jorge Jesus e volta aos treinos
Por Comunicação - Flamengo - emSábado de muito papo com o vice-presidente de futebol Marcos Braz na FlaTV. Na entrevista realizada nesta noite, o dirigente rubro-negro falou de vários temas de interesse aos rubro-negros, dentre eles: volta dos treinos do Flamengo, renovação com o técnico Jorge Jesus, elenco rubro-negro e muito mais. Confira abaixo!
Volta do futebol
"Eu tenho certeza absoluta que não é só o Flamengo que precisa volta. Todos os clubes precisam. Seja lá qual for o campeonato que está disputando. A gente tem essas férias dos jogadores até o dia 30. O Flamengo está preparado para que se tiver começar os treinos, começar sem problema nenhum. Agora não depende do Flamengo e sim dos órgãos governamentais. E agora estamos querendo saber se já está em condição de ter a flexibilidade do governo e da prefeitura, mas o Flamengo seguirá todos os protocolos de segurança. Essa é a determinação do presidente Landim. Não depende só do Flamengo, mas estamos preparados. Dificilmente o Flamengo vai treinar no dia 1º de maio. O Mister chega nesse dia, a noite. Teremos uma reunião com ele para esses entendimentos e também para a programação de treinamento. Também ouvir um pouco dele, sua e da sensibilidade. Um ou dois dias depois, se tiver as condições e a liberação governamental, estaremos prontos de uma forma tranquila. Se não tiver, a gente vai se programar para tal".
Renovação de Jorge Jesus
"Há um ano, quando o Flamengo fez a contratação do Mister e de toda a comissão, o clube fez um esforço financeiro enorme para trazer ele. Eu tinha muita segurança nele, mas a gente tinha que analisar a parte financeira. O presidente Landim foi fundamental nesse processo porque acreditou nesta situação de trazer um técnico estrangeiro com outras pessoas juntas para o suporte. O Flamengo fez o possível para trazer o Jorge Jesus. Ele veio, aconteceu o que aconteceu. Estamos quase um ano com o Mister. Agora estamos com a questão da renovação. Não é tanto no escuro como lá atrás, quando ele veio com todo o time dele. Lembro que o Flamengo empatou um jogo na Copa do Brasil e foi desclassificado. Depois fomos jogar contra o Emelec e perdemos o jogor. O que a gente apanhou nesse período... Se o Jorge não desse certo, seria uma chacota, mas deu. E eu tirei uma responsabilidade enorme das minhas costas. Todos os esforços serão feitos de novo. Presidente Landim já autorizou, a gente vem conversando com calma, mas aconteceu essa situação do coronavírus. O Euro vai para mais de 6 reais e isso é um fator ruim. O Flamengo está analisando várias situações. Um ou outro recebível pediram um tempo para o Flamengo. Então estamos como todas empresas e os clubes fazendo as análises possíveis. Vamos fazer a nossa parte, mas não depende só da gente e sim dele também, de entender o momento, a situação..Exatamente como voltar a treinar não depende só da gente, mas faremos a nossa parte. É uma situação facil? Não, como não foi lá atrás. Mas vai dar tudo certo".
Relação com o diretor Bruno Spindel
"Conheço muita gente e tenho muito contato no mercado. Mesmo analisando a parte técnica, você procura saber se o jogador vai ter o encaixe. E eu e o Bruno temos uma relação muito tranquila, mas todos tratam de todos os assuntos. Evidente que os títulos vão melhorando a relação, essa sensação que tá dando certo, ela é muito boa. A minha relação com ele é maravilhosa. Todo o trabalho vamos ajustando juntos. Se a gente tem que descolar um pouco do empresário e ir mais pro jogador. A gente tem uns caminhos que dão certo".
Trabalho do Centro de Inteligência
"O Centro de Inteligência está operando e trabalhando de casa. O Fabinho (ex-jogador) é o responsável. Tá tudo muito devagar e comprometido, mas também tenho uma ótima relação com ele. Quando eu indico um jogador, a gente vai pelos sistemas que a gente tem de informação. Isso são coisas importantes de se avaliar no dia-a-dia".
Protocolo de segurança contra o coronavírus
"O Flamengo, através do Doutor Tannure, fez um protocolo interno de segurança muito duro, consistente, mas claro, esse protocolo não é suficiente. O suficiente é cumprir as decisões do governo federal, estadual e municipal. O Flamengo está preparado, mas vamos aguardar o momento mais seguro. O Flamengo comprou 600 kits de teste para que todas as pessoas envolvidas no cotidiano sejam monitoradas e que estejam todos na segurança por completo e dos familiares também. O Flamengo está pronto e é a minha torcida para que voltem rápido, mas temos que voltar com segurança e dentro das normas governamentais. No dia 27 ou 28, vamos saber se vamos poder treinar ou não".
Trabalho e estilo no futebol
"Eu acho que tem que ter sorte também. A sorte vem acompanhada de outras situações do trabalho. De fato eu tenho alguns títulos que são importantes, uma quantidade até boa. Tem muito trabalho também. Sempre tive uma relação reta e transparente com os jogadores. Que não se perca o controle, mas também que não seja autoritário".
Atuação como Secretário de Esportes do Rio
"Foi uma experiência muito boa. Me amadureceu muito. Foi um período que me fez crescer bastante. Tomávamos conta de 22 vilas olímpicas, onde as pessoas precisam do esporte, do lanche, que é as vezes é o único do dia. Eu trabalhei muito nessa questão".
Diferença da política "tradicional" para a de clube
"A política do clube é mais intensa. Ela, a qualquer momento, pode dar um problema, é mais imprevisível. Fora acho que é mais tranquilo, pois se fizer um bom trabalho, um trabalho que seja bem avaliado, você tem mais tranquilidade. No Flamengo, como nos grandes clubes, nem sempre essa tranquilidade é certa. Mas faz parte. Quem tem experiência e tranquilidade, sabe como conviver. Eu conheço a política do Flamengo há muito tempo, mesmo ficando afastado durante dez anos".
"Gelo no sangue"
"Eu nunca tinha usado essa expressão. Nem me lembro em que situação usei. Estávamos demorando a contratar e as pessoas estavam pressionando muito. Eu falei calma que a gente precisa ter gelo no sangue. E as pessoas, companheiros de diretoria, brincam comigo até hoje. Virou algo marcante".
Relação com presidente Rodolfo Landim
"Eu conheci o presidente ainda no período eleitoral. Era perto de agosto de 2018. Muito antes do fechamento das chapas. Você precisa homologar as chapas até 30 de setembro, antes disso eu já estava com o presidente Landim. Quando eu fiz a opção de ir junto com o presidente Rodolfo Landim, eu tenho certeza que era o mais preparado para o Flamengo, por uma continuidade desse novo mundo que o Flamengo e os clubes do mundo entraram. De dez anos pra cá mudou tudo, o mundo e o futebol também. Eu achava que o presidente Landim era o mais preparado e por isso eu lá atrás fiz essa opção. O presidente ganhou a eleição e eu fui convidado. A minha relação com ele é direta, acima da média. É a melhor possível. Meu cargo é de confiança. A confiança tem que ser mútua. Mas ele tem o direito de analisar o meu trabalho, de analisar todo o departamento que eu possa comandar, que foi a confiabilidade que ele passou pra mim. Tenho uma relação direta com ele e o que ele não gosta, ele fala. O que eu não gosto, não falo muito não. Mas o que ele fala, eu escuto e pondero"
Relação com os vice-presidentes
"Em relação aos outros vice-presidentes, tenho uma relação boa com todos. É uma relação institucional, de respeito. Muitas vezes você não conhece tanto um VP, mas a gente tem um relacionamento institucional muito bom e respeitoso. A diretoria vem bem na média geral, erra e acerta como todos. Mas eu sou muito feliz de participar desse time".
Relação com ex-presidentes
"De todos os ex-presidentes, tenho um carinho pelo Gilberto Cardoso. Tenho uma boa relação com todos os ex-presidentes. Chamo todos eles de presidentes. Sentar naquela cadeira não é brincadeira. O presidente George Helal me ensinou muito e foi uma pessoa bastante importante. O Delair me deu a chance e foi o primeiro a me convidar a ser VP de futebol, eu com 37 anos. Tenho uma gratidão e respeito muito grande por ele. Pelo Márcio Braga também. Eu trabalhei com a Patrícia por três meses, tivemos nossas brigas, mas isso ficou no passado, tenho respeito por ela. Em relação a questões de Flamengo e de toda situação política, eu tenho uma boa relação. Evidente que a gente tem uns atritos de vez em quando, mas isso é normal e é do jogo".
Declarações do ex-presidente Bandeira de Mello
"Até em relação ao acidente no Ninho, o presidente Bandeira de Mello foi muito infeliz em relação as declarações. E esse infeliz e está barato para ele. Foi uma maneira covarde ou de falta de caráter. Não conheço muito ele. Esta declaração pontual não sei se foi oportunista ou de mau caráter. As pessoas que já trabalharam com ele até acham que é mau caráter, mas eu acho oportunismo. Quando você tem os jornalistas que fazem a análise de tudo, é do jogo, é pertinente, Muitas vezes a emissora ou o blogueiro podem ser duro e ter uma análise que até passe do ponto. Eu respeito o conceito do jornalista, por mais que fique chateado algumas vezes. Agora ele não poderia dar essa declaração. Um jornalista até poderia. Mas ele não poderia. Por que foi na gestão dele que os contêiners foram contratados, foi na gestão dele que as crianças estavam lá e também na gestão dele que chegaram todas as notificações da prefeitura. E desassociar isso e dizer que a gestão do Landim tinha 30 dias de gestão é muito ruim. Vamos dizer que se o acidente fosse no fim do ano passado, ele até poderia falar isso."
Mudanças no futebol e relação com a imprensa
"Não foi só o futebol que mudou, embora o Flamengo tenha mudado também. O mundo mudou também. Eu sinto muito a diferença, a quantidade de notícias da imprensa. Hoje você tem a figura da mídia alternativa, youtubers, blogueiros, várias empresas de comunicação. Eu sempre fiz um negócio, que algumas pessoas não fazem. Acabando o treino, pelo menos uma vez, eu desço pra falar com a imprensa para tomar um café. Eu preservo isso até hoje. Antigamente quando eu ia pra sala de imprensa, tinha dez pessoas no máximo. Hoje é um mundo de gente. Você tem que ser atencioso, cuidadoso e procurando sempre ser correto com as informações e atender todo mundo. É uma batalha. Muito diferente 2009"
Grupo campeão brasileiro de 2009
"O grupo de 2009 me deu trabalho, mas não tinha celular com câmera, não tinha um monte de situações, não tinha tanta exposição dos jogadores, mas eu tive alguns jogadores um pouco levados, como o Adriano, o Zé Roberto, o Bruno, o Pet, o Álvaro. Deu um pouco de trabalho, mas deu tudo certo. Segurar aquela rapaziada não era brincadeira".
Elenco atual
"Hoje essa quantidade de câmeras e situações, os jogadores entenderam e sabem disso. A exposição é menor, os jogadores são altamente profissionais, sabem que não há mais espaço para outras situações. Acaba que dá menos trabalho, mas você tem que ser atencioso. Quando a gente fala de gestão de vestiário, é no cotidiano, é ter a percepção de que tem algum jogador descontente com alguma coisa. Eu converso muito sozinho ou de forma direta com o atleta pra saber se é algum problema pessoal. Nesse processo todo, a confiança do jogador em você é fundamental. Não pode confiar mais ou menos. Iisso a gente consegue bem".
Diferença dos dois elencos
"Os dois são importantes. Cada um no seu. Esse elenco atual, por vários títulos conquistados, me deu mais coisas. Em relação a Brasileiro, título é igual filho. Cada um tem sua representatividade e seu momento. Quando tinha clube dando volta olímpica e a gente estava no ódio, eu pensava, será que não vamos conseguir isso de novo, não como vice, mas em outro cargo, eu sempre tive esse medo. Mas graças a Deus só foi um medo".
Nome na história do clube
"Eu contribui como outros contribuíram. O Flamengo tem 125 anos e acho que é isso. Tenho a sensação de dever cumprido. Quando eu era mais novo, você sempre pensa: será que vou ganhar um estadual, brasileiro e conforme vai ganhando você tem essa sensação. Não tenho essa percepção se entrei ou não na história. Trato isso com muita naturalidade e tranquilidade".
Saudades do Flamengo
"No começo até gostei, pois estava descansando. Agora já estou com saudade. A vida precisa voltar ao normal. Estou com uma saudade enorme. Tem um momento que é mágico. Que é quando o Flamengo sai da concentração e está a caminho do estádio"