Notícias

Daniel Gonçalves explica metodologia do CEP FLA e casos específicos recentes

Em conversa exclusiva, preparador físico descreve situações de alguns atletas do elenco

Por - em
O Flamengo se tornou referência nacional e internacional em preparação dos atletas e os resultados estão em campo. Após terminar 2016 como o clube com menor número de lesões no Campeonato Brasileiro, o Mais Querido segue, em 2017, seu trabalho de prevenção e recuperação de contusões.
Em conversa exclusiva ao site oficial do Flamengo, o preparador físico Daniel Gonçalves explicou a metodologia do CEP FLA, o Centro de Excelência em Performance do Flamengo. O membro da comissão técnica aproveitou também para descrever casos específicos de jogadores do atual elenco que tiveram alguma atenção especial na preparação física.

Confira os principais pontos da conversa com Daniel Gonçalves

Visão geral
"Como é sabido, o Flamengo investiu recentemente em ferramentas científicas e tecnológicas que nos permitem ter um monitoramento mais adequado da carga de treinamento e também dos jogos. A gente percebe uma evolução nas ações de alta intensidade dos nossos jogadores, e também em relação aos jogadores do futebol brasileiro, se compararmos com os campeonatos brasileiros de 2013 e 2014, em 30% nessas elevações. Jogando duas vezes por semana por um tempo prolongado, obviamente esses atletas não se recuperam de maneira satisfatória. Então, temos buscado monitorar níveis de fadiga e de performance desses jogadores, nos baseando na composição corporal, nas ações de alta intensidade nos jogos, assim como em outros marcadores, como o bioquímico e o hematológico - nesse caso, a creatinaquinase, enzima indicadora de microlesões musculares. Também temos a termografia, para vermos as respostas inflamatórias do músculo, além da minutagem.

Revezamento de atletas
Quando percebemos que o atleta está mais pré-disposto a lesões ou até mesmo diminuindo a performance em termos dos monitoramentos que utilizamos nos jogos, nós sugerimos para o treinador e ao restante da comissão técnica uma preservação do atleta, a fim de manter o alto nível de desempenho. Todas essas ações têm o intuito de orientar o treinador. Obviamente, a escalação também se baseia na estratégia que o Flamengo precisará realizar nos jogos de acordo com o que o adversário irá apresentar. Sendo assim, analisando todas essas situações, o treinador escala sua equipe. Lembrando que todas essas ações têm sido satisfatórias ao ponto de termos, nesse primeiro semestre, um aproveitamento de cerca de 70%, que é considerado bom para um clube que visa a conquista de títulos.

Prevenção
No ano passado, mesmo com as viagens constantes, conseguimos fazer um trabalho preventivo, de forma que fomos a equipe que menos apresentou casos de lesão ao longo da temporada. Neste ano, a metodologia do CEP tem se consolidado. O objetivo é manter esses padrões diminutos de lesões. Agora, com nosso estádio, nós tendemos a aumentar ainda mais esse aproveitamento, tendo ainda esse número baixo de lesões. Estamos bastante confiantes para que essa metodologia do CEP se consolide ainda mais, mantendo os resultados atingidos e conquistando títulos.

Jogos-treino
Este ano temos realizado muitos jogos-treino, porque temos um elenco de muita capacidade, homogêneo e numeroso. Serve, dentre outras coisas, para conceder ritmo aos que não tem jogado com tanta frequência. É o caso do Conca, por exemplo, que está em processo de desenvolvimento, tem participado de todos os jogos-treino e cumprido o que está planejado. Desta maneira, todos têm atuado e estado próximos do ritmo ideal quando necessitados pelo treinador. O objetivo é sempre ter mínimas oscilações de desempenho do time durante os jogos.

Berrío
Está em um processo evolutivo. Como se sabe, ele fez uma temporada bastante satisfatória no Atlético Nacional no ano passado, disputando, em dezembro, o Mundial de Clubes da FIFA. Isso encurtou seu período de férias e, consequentemente, sua recuperação. Portanto, não se pode esperar que o atleta atinja nível de performance na mesma velocidade dos demais. Mesmo com pouco tempo que teve de descanso após o Mundial, ele chegou ao clube na pré-temporada para disputar as competições com o Flamengo. Diante deste cenário, o CEP identificou algumas necessidades imediatas, como melhorar a recuperação do atleta após os jogos e fazer alguns ajustes finos em termos de equilíbrio muscular e biomecânico. Com os treinos específicos, Berrío tem evoluído cada dia mais, desempenhando seu futebol de maneira muito satisfatória, vide a partida contra o Santos. Ele nos confidenciou que no Campeonato Colombiano os jogos não são tão intensos e sucessivos quanto aqui. No Brasil, todos os jogos são de alta dificuldade e complexidade. Isso só valoriza ainda mais a metodologia do CEP.

Thiago Santos
Está em processo final de recuperação pós-lesão, mais precisamente na fase 5. Ele está sendo reincorporado ao grupo gradativamente, já realiza alguns trabalhos, necessitando ainda de um ajuste fino de reequilíbrio muscular e também de algumas ações em relação à potência, às acelerações e à imprevisibilidade. Acreditamos que, cumprindo essas etapas finais, ele estará 100% e à disposição do treinador Zé Ricardo.

Gabriel
Tem treinado juntamente com a equipe. Pelo tempo de inatividade, obviamente ele perdeu condicionamento, um pouco de massa magra, força e potência. Consequentemente, necessitou de um trabalho específico para que as readquirisse. No jogo-treino que ocorreu na semana passada, e durante os treinamentos desta semana, percebeu-se que ele atingiu padrões similares aos de jogo e, por isso, está à disposição do treinador Zé Ricardo.

Juan
O atleta saiu do jogo diante do Santos sentindo dores na região anterior da coxa. Não foi constatada lesão. Ele tem realizado trabalhos específicos, tanto no campo como na academia, e será avaliado no dia a dia, sendo mais exigido no decorrer desta semana. Hoje participou de parte do treino junto com o grupo.

Everton Ribeiro e Rhodolfo
Os dois vêm de final de temporada, vinham treinando normalmente. É claro que eles ainda necessitam de uma readaptação ao futebol brasileiro, e isso é um processo. O futebol do Qatar não é jogado em tão alta intensidade como no Brasil e nos grandes centros mundiais. O Everton tem conseguido desempenhar em campo, porém necessita de trabalhos específicos de potência e resistência, o que já temos realizado de maneira controlada. Gradativamente, com esses trabalhos e inserções nos jogos, ele deve suportar os noventa minutos. Rhodolfo também têm feito trabalhos especiais de potência. É um atleta de muita força, de uma composição corporal elevada. Ele já tem suportado os noventa minutos, porém necessitamos acelerar seu tempo de recuperação. O fato de um já jogar noventa minutos e outro não, deve-se às ações motoras. Obviamente, os atletas que jogam nas posições laterais do campo, como o Everton Ribeiro, são mais exigidos, enquanto os que atuam nas posições centrais percorrem distâncias menores. Essa diferença é verificada nos jogos e também nos planejamentos de ambos. 

Guerrero
Com as avaliações periódicas que temos realizado no CEP, procuramos desenvolver potencialidades e tentar melhorar as deficiências. Com essa sequência de jogos, o atleta muitas vezes perde força e massa muscular, interferindo diretamente nas performances. Portanto, procuramos trabalhar de acordo com as características do Guerrero nos jogos. Ele é um atleta que tem contato com os zagueiros e necessita do arranque curto. Temos feito esses trabalhos de força e potência, com uma periodização adequada aos jogos, e observamos uma melhoria do Guerrero de 2017 em relação ao Guerrero de 2016. Esperamos que ele ainda aumente seu desempenho ao longo da presente temporada.