#EuTenho4: Everton Ribeiro, o herói silencioso
Colecionador de conquistas, o craque da camisa 7 vence agora sua primeira Copa do Brasil
Por Paulo Neto - emO dicionário traz a definição de protagonista como o personagem mais importante do teatro grego clássico, em torno do qual se constrói a trama. No ato rubro-negro desta quarta-feira, o palco estava recheado de estrelas. O gol foi de Pedro; o pênalti decisivo de Rodinei. Mas na constelação rubro-negra é difícil apontar apenas um protagonista – e entre eles, há um herói silencioso.
Everton Ribeiro é um dos grandes. Dentre os extraclasses, tem um tipo de jogador que se diferencia dos demais por uma qualidade ímpar: ser vencedor. E ninguém, na última década, ganhou mais que o Miteiro por aqui. O dono do Manto de número sete venceu, venceu e venceu. Foram seis estaduais, quatro Campeonatos Brasileiros, duas Supercopas, uma Libertadores, uma Recopa e agora, a Copa do Brasil. Perdeu a conta aí?
Falta espaço na galeria de troféus e condecorações do baixinho, já lotada, e o artista da bola nunca precisou do holofote para impactar o jogo. ER7 é fantástico individualmente ao mesmo tempo que joga para o time. Flutua pela ponta, cai para o meio. Grande chance do seu gol favorito ter começado com um desarme dele no meio campo ou ter saído de um dos seus passes característicos. Em 2019, o meia foi o jogador que mais criou chances de gol na temporada. E foi o terceiro do Flamengo que mais recuperou a bola.
Eu gosto de pensar que o Everton Ribeiro representa um outro Flamengo. Tem torcedor que se identifica com o deboche do Gabigol, a extroversão do Arrascaeta, a fé do Pedro... Everton é o herói daqueles que trabalham em silêncio. Feliz de nós que podemos aproveitar mais de 42 milhões de Flamengos diferentes.
E a família dele? Muito rubro-negra. Seus filhos são nossos amuletos e membros cativos da Nação. Everton fez da casa dele o Flamengo e do Flamengo sua casa. Pisa no solo sagrado do Maracanã com o maior respeito do mundo e joga bola que é uma barbaridade.
O craque também sabe ser decisivo: se tornou o primeiro jogador a ter participação direta em gol nos quatro jogos das semifinais de Copa do Brasil e Libertadores no mesmo ano. Assistência contra o São Paulo no Morumbi, gol contra o Vélez na Argentina, assistência contra o Vélez e São Paulo no Maracanã, nesta ordem.
Ribeiro é daqueles que passam por um clube e deixam um impacto eterno. Quando eu era pequeno, meu pai costumava dizer: “Filho, na minha época, quando o Carpegiani não jogava, o Flamengo sentia”. Talvez Everton Ribeiro seja o mais próximo disso que minha geração viu. Termômetro da equipe. Um herói silencioso, de muita bola e pouco egoísmo; e acima de tudo: campeão.