#EuTenho4: A estrada da conquista da Copa do Brasil 2022 em três golaços
Relembre grandes tentos do Flamengo nesta edição do torneio
Por Daniel Falbo - emDo palco da final da Copa do Brasil deste ano ao Centro de Treinamento George Helal, são quase 40 quilômetros. O primeiro gol rubro-negro desta campanha foi marcado em um lugar mais de 50 vezes mais distante, no Estádio Governador Alberto Tavares Silva, conhecido como Albertão, no Piauí. Lá, o Flamengo encontrou o destemido time do Altos. A partida, primeira da história entre as duas equipes, se tornou a maior bilheteria da história do Nordeste.
O barulho de Teresina era composto por milhares de torcedores que saíram dos seus lares com seu Manto mais bonito, vindos de várias cidades e presentes por todos os lugares por onde o ônibus do Flamengo passou, incluindo aeroporto, hotel e estádio. As carreatas acompanhando a delegação contaram com incontáveis motos, carros, bicicletas, pedestres e pessoas nas janelas de suas casas.
O golaço de Pedro – Flamengo x Altos
O primeiro golaço no torneio de 2022 foi feito para igualar o placar de um jogo que já contava com outro belo tento, marcado por Manoel, de bicicleta, para o time da casa. O 1 a 1 veio carregado de perseverança. Bruno Henrique, que se envolveu diretamente no lance do gol adversário, foi o responsável por iniciar a reação rubro-negra, ao pressionar a saída de bola adversária e ganhar, na disputa ombro a ombro com Tibiri, mais uma assistência em contra-ataque implacável para a sua coleção. O camisa 27 disparou e invadiu a área pela esquerda, carregando a bola com a perna direita. Entre ele e a meta havia um defensor e o goleiro, mas o tapa na pelota de canhota, por dentro das pernas do zagueiro, surpreendeu o Brasil inteiro.
Só não chocou Pedro, que com igual perseverança, disparou na hora certa de cruzar com a viagem da esfera e estufou as redes aos 20 do segundo tempo, encerrando um jejum que já durava 636 minutos distribuídos por 12 longos jogos. A vitória de virada seria o primeiro passo da jornada para a disputa pelo tetra.
Outro golaço de Pedro – Flamengo x Athletico-PR
O segundo golaço da odisseia até a final também foi de Pedro Guilherme. Nas quartas de final, o Athletico-PR mostrou a solidez de seu conjunto ao propor uma batalha tática. Depois de um confronto nervoso e sem gols no Maracanã, a vaga para as semifinais foi decidida no Estádio Joaquim Américo Guimarães, a Arena da Baixada, no Paraná.
Aos 11 minutos e 35 segundos do segundo tempo, Rodinei deixou os marcadores na saudade mais uma vez, como fez em todo o primeiro tempo, tocou para Everton Ribeiro e disparou. O camisa 7, em dois toques, colocou o lateral direito em condição de cruzar. Aproveitando da velocidade do arranque, desacelerou a tempo de ver a bola quase sair pela linha de fundo, salvando-a de mais um tiro de meta com um cruzamento que fez a terra parar de girar. Enquanto aquele pedaço de couro passeava pelo ar após o toque do pé direito de Rodinei, a terra girou ao contrário e voltou aos tempos de Leônidas da Silva. O maior mestre do chute de bicicleta viu sua arte ser reverberada através da camisa 21 de Pedro, que tirou os pés do chão para criar mais um lance de eterna beleza.
O Diamante Negro ficaria orgulhoso do chute de primeira, inapelável, incontestável, que calou os milhares de torcedores do time local, que mesmo comandado por um técnico lendário do futebol brasileiro, sucumbiu ante ao néctar do futebol arte brasileiro. O Mais Querido do Brasil avançou para as semifinais.
O golaço de João Gomes – Flamengo x São Paulo
A vaga para a decisão foi decidida em dois jogos vencidos pelo Rubro-Negro, em partidas contra o São Paulo, sendo o segundo jogo disputado no Maracanã. O terceiro golaço da estrada até a decisão aconteceu logo no primeiro confronto das semis, no Morumbi. O único gol da partida, dos cinco registrados durante a fase semifinal, foi feito por João Gomes. João Victor Gomes da Silva é a personificação da raça rubro-negra através da emanação, em forma de futebol, de todo o seu amor pelo Flamengo.
O camisa 35 tinha 104 dias, pouco mais de três meses de vida, quando Petkovic marcou o gol do tri, em 2001. Com o tempo, sua presença no setor Norte da arquibancada, em diversos jogos do Mengão durante a vida, o impulsionaram a inspirar novas gerações de craques rubro-negros, mesmo com apenas 21 anos. Sua determinação é vista nos passes e desarmes, nas divididas, disputas de bola, arrancadas e na sua rapidez de raciocínio. E foi com essa determinação que o cria de Ramos apareceu como elemento surpresa na área aos 12 minutos do primeiro tempo.
Do alto de seus 1,76m, Joãozinho subiu mais alto que a defesa adversária e cabeceou com uma técnica que traduz bem o seu estilo de futebol: sem violência e com muita categoria. O cruzamento pela esquerda de Everton Ribeiro achou Gomes flutuando para toda a gente ver. O espanto foi geral. A testa do menino rubro-negro alterou o destino da bola, e após o toque carinhoso de cabeça, o beijo da bola na trave, e de lá seu descanso nas redes, fez explodir a Nação. O técnico adversário talvez tenha sido um dos menos surpresos com a façanha do jovem atleta, já que foi ele mesmo quem firmou o rapaz como titular durante sua passagem como técnico pelo time da Maior Torcida do Mundo.
Perseverança, talento e raça sempre foram parte da tinta usada para escrever as conquistas rubro-negras. A magia do futebol e a fé no Mengo são essência da onipresença da Nação e da capacidade do Flamengo de quebrar recordes, superar barreiras e fazer o coração rubro-negro voar.