Secretaria de Estado da Mulher leva tema para a categoria de base do Flamengo
Parceria aborda com os atletas a construção das masculinidades de forma respeitosa
Por Comunicação - emCom cinco títulos mundiais, o Brasil é um dos países que mais forma atletas no mundo, sobretudo pela existência dos times de base. Grandes times, como o Flamengo, já sabem que não basta treinar somente o físico. Formar atletas conscientes e seguros de quem são também faz a diferença. Por isso, o rubro-negro e a Secretaria de Estado da Mulher firmaram uma parceria para levar aos atletas do sub-17 ações Serviço de Educação e Responsabilização do Homem (SerH). Na última segunda-feira (12), os jogadores participaram de uma palestra no CT do time, em Vargem Grande.
- O SerH é um programa que tem como objetivo a efetivação da Lei Maria da Penha na sua integralidade, trazendo os homens para este movimento, que deve ser coletivo, de prevenção e enfrentamento às violências contra meninas e mulheres. Estamos muito felizes por termos parceiros como o Flamengo, conscientes de seu papel na sociedade e na formação de seus atletas - diz a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
Na conversa com os jovens, foi mostrado como o uso da violência é prejudicial para todos os envolvidos, além de incentivar que os homens estejam lado a lado das mulheres, como aliados, atuando de forma respeitosa.
Segundo o coordenador do SerH, Paulo Sarcon, para prevenir a violência contra a mulher é preciso alcançar os jovens. E estar no Centro de Treinamento do Flamengo é um importante caminho para influenciar os jovens jogadores.
— Fizemos um diálogo sobre o processo de construção da masculinidade e como nós aprendemos a ser homem, e sempre somos pautados, por conta do machismo, a afirmar a masculinidade através da violência. Esses processos não são naturais, eles são aprendidos. Dessa forma, é possível que os homens aprendam a ter um comportamento não violento - diz Paulo.
A coordenadora de Desenvolvimento Humano das Categorias de Base do Flamengo, Patrícia Negreiros, conta que, desde o ano passado, quando o SerH fez sua primeira conversa com o time, tem notado no dia a dia que a pauta de masculinidades tem sido discutida com os jovens.
— Como eles estão na idade de se relacionar, entendemos que seria muito importante trazer informação e conscientização sobre a responsabilidade deles como parte de um relacionamento saudável, além do “não é não”, do respeito, e como evitar exemplos negativos no esporte e fora dele. Esses meninos vão virar homens e se tornarão formadores de opinião, sobretudo pela importância da camisa do Flamengo que eles vestem — ressaltou.
O treinador do sub-17, Eduardo Zuma, aponta que, além da preparação física, é preciso trazer diálogos importantes, como o exercício das masculinidades, para a formação do caráter:
— O desempenho faz parte da carreira deles, mas antes de jogar futebol, os atletas são pessoas que precisam se formar dentro e fora de campo. Acredito que a prevenção é o melhor remédio para tudo, e assim como nós prevenimos a lesão física, podemos também prevenir os problemas nos relacionamentos, para que eles possam se conscientizar e tomar boas decisões.
O SerH
O SerH é um programa que visa a garantia da efetivação da Lei Maria da Penha na sua integralidade, trazendo os homens para este movimento, que deve ser coletivo, de prevenção e enfrentamento às violências contra meninas e mulheres, a partir de três eixos de ação: responsabilização, prevenção às violências e promoção do cuidado.
O programa estimula que os municípios implantem a metodologia dos grupos reflexivos para homens, recurso previsto na Lei Maria da Penha, além de promover capacitação técnica para os profissionais que atuarão como facilitadores.
No eixo da responsabilização, são previstos grupos reflexivos nas unidades prisionais a partir de um Termo de Cooperação Técnica entre a Secretaria da Mulher e a Secretaria de Administração Penitenciária.
Como forma de prevenção às violências, o programa busca a sensibilização dos homens, demonstrando que o uso da violência é prejudicial para todos os envolvidos. Essas ações podem acontecer em praças públicas, nas escolas, nos templos religiosos de qualquer credo, em eventos em geral, entre outras possibilidades.
O eixo do cuidado visa que o homem esteja lado a lado das mulheres, como aliados, em campanhas de conscientização e mobilização, como a campanha do Laço Branco, no Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, e outros.