Ídolo balançou a rede em cobrança de falta no Fla 5 x 0 Flu, válido pelo\ Campeonato Brasileiro de 1989, em Juiz de Fora (MG)
\ \ \ \\ \ \ \ \ Por mais que parecesse imbatível- pelo menos para a torcida do Flamengo-,\ Zico não conseguiu vencer a batalha contra o tempo. Em meio a incômodos\ musculares e dores no joelho, o Galinho teve que sair de cena. O último ato\ aconteceu na goleada por 5 a\ 0 sobre o Fluminense,\ pelo Campeonato\ Brasileiro de 1989, em Juiz de Fora (MG). Clássico que entrou para a\ história do futebol por abrigar o gol derradeiro do camisa 10. E, nesta\ quarta-feira, completa 20 anos com ar de nostalgia (assista ao vídeo ao\ lado do tento inesqucível).
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Com a marca que sempre lhe foi característica, Zico balançou a rede pela última\
vez com a camisa do Flamengo numa cobrança magistral de falta. Deu passe para o\
atacante Renato Gaúcho ampliar o placar e foi substituído aos sete minutos do\
segundo tempo. Luiz Carlos, Uidemar e Bujica deram números finais ao\
classico.
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Era o fim de um sonho com sabor de dever cumprido, como conta o próprio\
ídolo em entrevista por e-mail.
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GLOBOESPORTE.COM: Qual a lembrança que você guarda\
daquele fatídico gol no Fla-Flu de despedida?
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ZICO: Foi um dos (tentos) mais bonitos e uma das faltas mais\
bem batidas que tive a oportunidade de cobrar. Valeu também pela jogada\
individual que fiz e recebi a falta.
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Tinha que ser de falta para as pessoas que estavam no estádio não\
correrem o risco de perder o último ato?
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Eu sempre gostei de fazer gols de falta e nunca escondi isso de ninguém. Acho\
que é por isso mesmo que todo mundo ficou concentrado no lance. Todos\
me passaram uma energia positiva, dando a entender que o gol viria.
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Foi um dos gols mais marcantes e bonitos da sua carreira?
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Claro que foi. Melhor seria impossível.
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Como foi o dia 2 de dezembro de 1989?
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Acordei cedo e fui dirigir o time dos meus filhos e amigos: o Nova Geração.\
Fomos campeões em um torneio festivo que realizamos no Clube da Aeronáutica, na\
Barra da Tijuca, contra a seleção da competição. Depois fui de carro para Juiz\
de Fora e encontrei com a delegação no estádio. Apesar de saber que seria o meu\
ultimo jogo oficial com a camisa do Flamengo, estava tranquilo e feliz pelo que\
tinha feito em toda a minha carreira. Eu estava ali ao lado das pessoas que\
mais amo: minha mulher Sandra, meus três filhos, minha mãe, meus irmãos, alem\
de amigos e da torcida rubro-negra.
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O então goleiro Ricardo Pinto, do Fluminense, disse na véspera que era\
uma honra enfrentá-lo. Isso tornou aquele gol ainda mais folclórico?
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Não acredito. Ele sofreu e muitos não entenderam a declaração dele. Ele\
havia dito antes da partida que nunca tinha sofrido um gol meu. E, como deixei\
minha marca naquele jogo, talvez querendo justificar, o Ricardo falou que era uma\
honra sofrer um gol meu. Isso acabou irritando os torcedores tricolores que\
depois se desentenderam com o atleta. Acho que se esse arqueiro não tivesse\
falado nada antes do jogo, depois também não falaria. Só lamentei tudo o que\
aconteceu, pois se tratava de um ótimo goleiro.