Foto: Ari Gomes

Mengo meu dengo – parte 11

Revitalizar para reabilitar

Texto de Luiz Helio

REVITALIZAR (vitalizar de novo; fazer revigorar; tornar a insuflar vida em) para REABILITAR (reaquisição de crédito; regeneração; reabastecimento da saúde ou da capacidade de trabalho de um indivíduo). Estes são os dois verbos vitais que o Flamengo precisa conjugar urgentemente para voltar a ser poderoso e fazer jus à grandeza do seu nome e da sua nação.

Após ler no site oficial os textos do imortal José Lins do Rego e do ex-presidente Hélio Ferraz que, mesmo distantes cronologicamente, são uníssonos no tema, ou seja, tratam da construção de um estádio à altura do Flamengo e da conseqüente revitalização da sede da Gávea, percebi que este sonho é antigo. Então lembrei das constantes declarações do atual presidente, Márcio Braga, onde o mesmo tem demonstrado serenidade para falar de um assunto bastante delicado: o estado de insolvência em que o CRF se encontra. “O Flamengo é hoje uma massa falida”, já atestou o mandatário do Mais Querido, que incansavelmente tem lutado pela aprovação e instalação da loteria Timemania, à qual possibilitará a redenção não apenas do rubro-negro, mas de todos os grandes e médios clubes do Brasil. Depois pensei: como pode um clube tão popular, que arregimenta quase 40 milhões de apaixonados torcedores distribuídos por todos os segmentos sociais do país, inclusive com ampla maioria na esfera do poder (conforme demonstrou pesquisa recente), não conseguir obter respaldo político para tirar o sonho do papel e finalmente começar a sua reestruturação financeira? A resposta parece difícil, mas não é. Simplesmente os arco-íris – representados por membros de entidades sociais, além de políticos, juízes e procuradores - formam uma numerosa parcela dos que torcem contra e farão de tudo para emperrar o crescimento do Flamengo.

Mas, o que fazer diante desse danoso entrave? Na minha modesta opinião, acredito que somente através de um amplo movimento pró-revitalização insurgido pela nação flamenguista carioca para, de forma pacífica e ordeira, ganhar as ruas do Rio de Janeiro e exigir que um dos maiores símbolos da cidade maravilhosa tenha o direito a se reerguer. Talvez mediante um extraordinário apelo popular as autoridades “competentes” contrárias ao Projeto, começassem a perceber que não são somente os dirigentes rubro-negros os únicos a clamarem por esse importante empreendimento. Não. Afinal, este é um clamor também do povo carioca e porque não, do povo brasileiro. Para o bem até do nosso futebol como um todo, já que o gigante poderia finalmente acordar e com ele, conseqüentemente, arrastar os outros grandes para uma nova era, com gestão moderna e rentável, como ocorre com os milionários clubes europeus. Precisamos lembrar que no próximo ano teremos eleições municipais. E qual o clube de maior torcida e, naturalmente, com maior número de eleitores no Rio? Acredito que uma irmanação entre o torcedor comum e os integrantes das organizadas Raça Fla, Jovem Fla, Urubuzada, Fla Manguaça, Paixão Rubro-Negra etc, mais a adesão de uma legião de artistas rubro-negros, a tão sonhada e imprescindível revitalização da Gávea tomaria uma gigantesca dimensão, obrigando os apebeutas que só conseguem enxergar problemas, seja de ordem jurídica ou urbana, a repensarem suas atrasadas concepções sobre esse valoroso empreendimento imobiliário que só irá levar benefícios àquela área.

Fica evidente que somente a revitalização promoverá a reabilitação do clube em todos os âmbitos, inclusive, a ressurreição da já saudosa e distante supremacia nacional do futebol rubro-negro. Não adianta agora olhar para trás procurando culpados, é preciso olhar na direção do horizonte para levantar o Flamengo. Portanto, a nação terá um papel fundamental nessa virada, lotando os estádios, mais precisamente o maracanã, e exibindo faixas com as inscrições “Revitalização da Gávea Já” ou “Queremos a Arena do Flamengo”. Com o time submergido na zona de rebaixamento, sabemos que fica difícil para o torcedor ser instigado a se entusiasmar. No entanto, sabemos também que não é à toa que a nação é conhecida como a maior, mais vibrante e apaixonada de todas as torcidas. Simplesmente porque é a única que faz a diferença e acredita até o fim. Não vestimos o manto apenas quando o nosso time está bem. Não comemoramos uma boa colocação na tabela de um campeonato que ainda está na metade, como muitos arco-íris fazem. A verdade é uma só. Estamos acostumados a comemorar títulos, muitos títulos. Afinal, após a Era de Ouro, nosso escrete nunca ficou mais de dois anos sem dar uma volta olímpica, mesmo vivendo uma grave crise financeira que se arrasta por quase duas décadas. Enquanto os outros grandes clubes só conseguem ser campeões quando estão equilibrados economicamente para contratarem super craques, o Flamengo levanta os canecos pela tradição da mística do seu sagrado manto e pela descomunal força da magnética com o seu contagiante espetáculo que é considerado um dos maiores shows da terra.

Os outros grandes só estão maiores porque o gigante está de joelhos. Chegou a hora de levantar.

Avante, Flamengo!

Extraordinariamente, a segunda parte da matéria “Os Flanáticos da Nação e suas magníficas loucuras”, será publicada na próxima semana. SRN e até lá, se Deus quiser!