Felipe Awi
O Globo
Pedro Trengrouse, de 29 anos, formado no prestigiado MBA da Fifa e hoje no Flamengo: "Não há outro caminho que não passe pela profissionalização da gestão esportiva"
O choque entre profissionalismo e amadorismo pôs água no negócio em três anos, mas foi tempo suficiente para ele perceber o potencial da indústria do esporte. Formado em economia com MBA em marketing, ele toca os programas de sócio-torcedor de Fluminense, Botafogo, Palmeiras e Coritiba. Além disso, administra lojas virtuais e reais com produtos licenciados de times de futebol.
- Até 2014, os profissionais do esporte serão cada vez mais valorizados e o futebol será um produto cada vez mais consumido - afirma.
Essa é uma das poucas previsões a que Bruno se dá o direito de fazer. Habituado a lidar com as oscilações do mercado financeiro, ele aprendeu que é ainda menos recomendável dar garantias no esporte. O mercado do futebol é peculiar: oscila de acordo com os resultados de campo, que são imprevisíveis. Para entendê-lo melhor, o advogado Pedro Trengrouse não poupou esforços. Ao fim do curso de direito, foi aceito no badalado MBA em administração esportiva da Fifa, a entidade máxima do futebol. Todos os anos, são 25 vagas para cerca de mil candidatos. Os aprovados investem US$20 mil no curso, que é ministrado em três países: Inglaterra, Itália e Suíça. São 14 meses de aulas com autoridades do mundo esportivo. Pedro está convencido de que tomou o caminho certo rumo a 2014.
- A Copa vai trazer investimentos e melhorias de infra-estrutura para o Brasil, mas o seu maior legado será o capital humano. Finalmente, teremos bastante gente preparada para trabalhar com a indústria do esporte, que hoje já representa 4% do PIB nacional - afirma.
Desde que voltou, em 2004, Pedro já trabalhou na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), participou da profissionalização da Federação Baiana de Futebol e agora dá expediente no Flamengo. Sua mais nova empreitada está diretamente relacionada à Copa de 2014. Semana passada, ele integrou a comitiva do Ministério dos Esportes que foi a Londres conhecer os projetos de segurança das Olimpíadas de 2012. O objetivo é repeti-los depois aqui.
- Sempre fomos Primeiro Mundo no futebol como fornecedores de matéria-prima, ou seja, revelando jogadores. Não pode ser diferente em relação à sua administração. Não há outro caminho que não passe pela profissionalização da gestão esportiva - afirma.
Pedro conhece bem as conseqüências do amadorismo no esporte brasileiro. Antes de ir para a Europa, trabalhou na Federação de Futebol do Rio, exemplo clássico de uma administração antiquada. Hoje, ele ainda senta à mesa de negociação com dirigentes voluntários, mas já enxerga uma evolução na mentalidade dos cartolas. Mais difícil será encontrar alguém que, como ele, trabalha para um clube do qual não é torcedor. Tricolor de nascimento, Pedro é assessor direto do presidente do Flamengo, Márcio Braga.
- Profissional não tem time, ensina