Notícias

Mário Filho: o rubro-negro que concede nome ao Maracanã

Estádio da final da Copa do Mundo leva o nome da lenda que concedeu visibilidade ao jornalismo esportivo

Por - em
Neste domingo (13.07), os olhos do mundo estarão vidrados na grande final da Copa do Mundo de futebol, que escreverá mais um capítulo no gramado do Estádio do Maracanã. Na entrada, em frente à estátua de Bellini, capitão do Brasil campeão mundial de 1958, estão as letras que formam o nome de outra lenda do futebol brasileiro, o jornalista Mário Filho. No final dos anos 40, o pernambucano de Recife lutou contra o vereador Carlos Lacerda, que defendia a construção de um estádio municipal em Jacarepaguá, para a realização da Copa do Mundo de 1950, primeira em solo tupiniquim. Mário conseguiu convencer a opinião pública de que o melhor lugar para o novo estádio seria no bairro do Maracanã, no terreno onde ficava o Derby Club. Para o irmão de Nelson Rodrigues, o estádio deveria ser o maior do mundo, com capacidade para mais de 150 mil espectadores. Consagrado como um dos maiores jornalistas esportivos de todos os tempos, Mário faleceu aos 58 anos, vítima de um ataque cardíaco. Em sua homenagem, o antigo Estádio Municipal do Maracanã ganhou o nome de Estádio Jornalista Mário Filho. Ironicamente, o personagem que concede o nome ao estádio da final de hoje cobriu apenas duas Copas do Mundo fora do Brasil (ele esteve na de 1950): de 1962 e 1966. A Mário Filho não agradavam as viagens de avião, que evitava ao máximo.

Jornalistas como Armando Nogueira sempre apontaram Mário Filho como um dos grandes responsáveis pela revolução da crônica esportiva, que até a primeira metade do século 20 era um caderno escondido dos jornais. Mário foi quem colocou pela primeira vez na história da imprensa brasileira uma notícia de esportes na capa de um jornal. Também foi ele quem criou a seção de esportes como conteúdo diário nos jornais em que trabalhou. Além de jornalística, sua contribuição para o futebol contou com sua veia literária. Mário é o autor de clássicos como "O negro no futebol brasileiro", "Viagem em torno de Pelé" e "Histórias do Flamengo".

Ainda em torno do Rubro-Negro, Mário Filho tinha a explicação para o tamanho da Nação: "Por que o Flamengo tornou-se o clube mais amado do Brasil? Porque o Flamengo se deixa amar à vontade", dizia sobre a acessibilidade do clube a todas as classes sociais, em tempos em que os rivais serviam coqueteis refinados apenas aos mais abastados da sociedade carioca, enquanto o Mais Querido comemorava suas conquistas com carnaval na rua.

A rivalidade entre Flamengo e Fluminense não ficou entre os dois irmãos, Mário, tímido, e Nelson, fervoroso, que se dividiam entre as cinco cores das bandeiras. A criação veio de uma necessidade: Flamengo, Fluminense e América eram favoráveis à profissionalização do futebol do Rio de Janeiro. Como estes times deixaram de participar de torneios amadores, Flamengo e Fluminense passaram a jogar quase toda semana, fazendo o confronto perder o atrativo.