Há 22 anos, no dia 19 de julho de 1992, o Flamengo se sagrava pentacampeão brasileiro. Um time que inicialmente era tido como um dos favoritos, passou a ser muito questionado durante a competição após uma série de contusões. Aquele elenco que equilibrava medalhões e apostas surpreendeu e cativou torcedores e imprensa jogando um futebol diferenciado, cadenciado pelo Maestro Junior.

De volta de sua passagem pela Itália, o antigo lateral-esquerdo do título mundial de 1981 assumiu uma nova posição. Como meio-campo, Junior ganhou mais liberdade tanto para se movimentar em campo quanto para bater faltas e exercer o papel de capitão. "Tenho um carinho mais que especial por aquele time, por aquela campanha. Estava com 38 anos, já pensando em parar e as coisas foram acontecendo. Voltei para o clube, e posteriormente para a seleção, como último remanescente daquela geração de ouro dos anos 1980, e foi excelente. Aqueles jogadores e a comissão técnica me deram um gás fora de série que culminou na conquista do titulo", relatou o Vovô Garoto.

Após dezenove partidas, oito times se classificaram para dois quadrangulares, de onde sairiam dois finalistas. Naquele momento, muitos duvidavam do time rubro-negro. Classificado depois de uma arrancada na reta final da competição, o Flamengo chegou a segunda fase quase como um azarão. Há quatro anos como treinador em Goiânia, Julio César, o Imperador, era meia do time pentacampeão e atribui a conquista à união do grupo. "É muito complicado juntar jogadores tão talentosos, no misto entre experiência e jovens. Estávamos em um momento difícil, todos duvidavam da gente, mas conseguimos reverter. Lembro-me que tivemos uma reunião após uma derrota onde tudo foi colocado na mesa. O Junior nos cobrava entrega; que levássemos as coisas mais a serio. Um puxão de orelha que era necessário. A partir daí, o grupo fechou. Aumentamos, ainda mais, a união da equipe e nos sagramos campeões", disse Julio César, peça fundamental daquele título. 

O Maestro Junior, artilheiro do Mais Querido na campanha com nove gols, lembrou de outro fator, sempre fundamental nas conquistas do Flamengo: a força da Nação Rubro-Negra. "Chegamos às finais com uma média de público de 50 mil torcedores por partida. Tudo se encaixou no momento mais importante da competição, foi exatamente quando acertamos a parte ofensiva, com a entrada do Júlio César, Gaúcho e Nélio. Mesmo com outros times fazendo campanhas melhores que as nossas, conseguimos reverter todas as situações complicadas que apareceram, e foi o mesmo caso na final quando enfrentamos o aquele time do Botafogo", disse Junior.

Na grande decisão contra o Botafogo, 145.203 presentes foram testemunhas do pentacampeonato brasileiro do Flamengo, nas arquibancadas do Maracanã.