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Governo dá apoio a clubes contra COB

Ministro dá aval a pleito de associações que pedem parte da verba da Lei Piva, que hoje se concentra nas mãos do comitê

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Fatia maior \ \

Oito agremiações dizem ser responsáveis por 213 dos 227 atletas que foram a Pequim e formam grupo que se intitula o C13 do esporte olímpico

EDUARDO OHATA - Folha de SP\ DA REPORTAGEM LOCAL \ O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., considera legítima a principal reivindicação do Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos, que será lançado oficialmente hoje: receber uma porcentagem da verba da Lei Piva, hoje repassada com exclusividade ao Comitê Olímpico Brasileiro e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro. \ O representante do governo afirma ser do interesse do COB abrir essa discussão. Mas o comitê capitaneado por Carlos Arthur Nuzman, por sua vez, já alega que o dinheiro recebido hoje não é o suficiente. \ ""Se você pegar os primórdios da Lei Piva [o projeto de lei original], não era especificado que o dinheiro das loterias tinha de ir para o COB ou o CPB", respondeu Silva Jr., ao ser inquirido pela Folha sobre o tema. O ministro se propõe até mesmo a servir de ""ponte" entre os clubes e o comitê olímpico. ""Estive com o Nuzman e introduzi o tema. Acredito que o COB acha que é importante tratar desse assunto." \ A Lei Piva já foi motivo de discordância entre a pasta e o COB no ano passado, quando o ministério produziu um ""programa de metas olímpico" como forma de contrapartida à verba direcionada ao comitê. Tal iniciativa ia contra a política da entidade, cujo presidente evitava a todo o custo fazer projeções sobre resultados. \ Ironicamente, no fim do ano passado, sob pressão de confederações esportivas nacionais que questionavam a distribuição da verba da Lei Piva, que destina 2% da arrecadação bruta das loterias federais a COB e CPB, Nuzman anunciou o lançamento de programa de meritocracia para as confederações. É baseado nele que os percentuais de cada uma das confederações serão definidos. Após os Jogos de Pequim-2008, quando o Brasil decaiu sete postos em relação a sua colocação em Atenas-2004, Silva Jr. afirmou que pretendia invocar um decreto do presidente Lula feito na época da Lei Piva para reunir condições para fiscalizar, por meio de relatórios, a forma como a verba é usada. \ Desde então, Silva Jr. afirma estar debruçado sobre a Lei Piva, sancionada em julho de 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Encabeçado por Minas Tênis Clube e Pinheiros, o conselho de clubes reúne ainda Flamengo, Vasco, Fluminense, Grêmio Náutico União, Sogipa e Corinthians. Autodefinido pelos fundadores como ""espécie de Clube dos 13 do esporte olímpico", a entidade se diz aberta à adesão de mais agremiações. \ Os membros fundadores alegam ser responsáveis por 213 dos 227 dos atletas que integraram a delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim. Em sua defesa, o COB argumenta que a Lei Piva é fundamental para o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro, mas que não é suficiente. E diz que a verba corresponde a um terço de suas necessidades, segundo diagnóstico apresentado pela entidade em 2000. \ Apesar de adiantar que não estará presente à cerimônia de apresentação do conselho -tem agendado compromisso com o presidente Lula para hoje-, o ministro pretende se reunir com os representantes da entidade ""rapidamente". \ ""Quero ouvir os projetos dos clubes, suas ideias. Até agora não houve contato oficial entre nós. Respeito o seu trabalho, como o do Minas e do Pinheiros, que usaram de forma competente o instrumento já à disposição deles, que é a lei de incentivo fiscal ao esporte", diz. \ Por fim, ele tenta aliviar a pressão sobre o ministério. ""Não pode esperar que tudo venha do governo federal. É preciso que iniciativas como o Bolsa-Atleta e a lei de incentivo sejam replicadas, em menor escala, por Estados e municípios e favoreçam federações e desportistas de menor expressão." \

Colaborou ADALBERTO LEISTER FILHO , da Reportagem Local