Vinícius Paiva do Flamengorj
Tudo sobre a nova e melhor parceria já feita pelo Flamengo
Tô atrasadão, mas tá valendo. Por acaso, a confirmação do rompimento do Flamengo com a Nike (algo que eu faço campanha há meses) só veio na sexta-feira passada, minutos depois de eu já haver publicado aqui minha coluna. Que não falou uma linha sequer sobre marketing por falta de assunto, vejam só que coisa. Pois no domingo o Mengão já jogou com a camisa “intermediária” entre o antigo e o novo fornecedor, tendo três interrogações no local destinado ao símbolo da fornecedora, uma referência aos três arcos da Olympikus, nossa nova fabricante de material esportivo.\ A sensação que fica é que a própria Olympikus mal podia se conter de felicidade. Ora vejam se não: no mesmo domingo passado, no caderno de esportes do jornal “O Globo”, a fornecedora comprou uma página inteira, ilustrando-a com as listras horizontais vermelho-e-pretas, com as tais “três interrogações” e com uma frase que dizia qualquer coisa como “qual empresa brasileira vestirá o Maior Clube do Brasil?” O objetivo é gerar uma dúvida, uma ansiedade, por mais que todos já saibam qual é o nome da felizarda.\ Os números do novo negócio são grandiosos, e eu me arrisco a dizer que foi o melhor negócio já feito pelo Flamengo em todos os tempos. Exagerei? Bem, pode ser. O melhor dos últimos anos sem dúvida. Mas mesmo que o Flamengo já tenha feito jogadas sensacionais no passado, creio eu que fosse mais fácil fazê-lo quando éramos, de longe e disparado, o grande clube brasileiro em termos de exposição, retorno e coisas do gênero. Mas desde que a reversão dos anos 90 colocou os clubes paulistas como galinhas-dos-ovos-de-ouro dos negócios nacionais, conseguir destroná-los (ainda mais com tanta diferença) virou uma façanha.\ Enfim, dentro do contexto que expus, a parceria ganha contornos de “negócio da China”. Vamos aos números (já bastante conhecidos): R$ 20,6 milhões anuais além do material esportivo (o que levaria a parceria a cerca de R$ 31 milhões anuais – R$ 173 milhões ao fim dos cinco anos de contrato), 10 lojas próprias Fla-Olympikus espalhadas pelo Brasil e um museu de 2.400 metros quadrados na Gávea. Isto é que eu chamo de “responsabilidade social rubro-negra”: fazer negócio e ainda valorizar a mais importante história do futebol mundial!\ Para se ter uma idéia do tamanho do negócio, o Flamengo desbancou o São Paulo, que por ser bi-campeão brasileiro, recebe R$ 15 milhões anuais da Reebok. A diferença para o terceiro colocado, Corinthians, é ainda mais gritante: eles recebem apenas R$ 5 milhões anuais da mesma Nike que antes nos vestia. A partir daí, todos os outros grandes clubes brasileiros ganham menos de R$ 4 milhões por ano. E essa nossa parceria já começou a revolucionar os valores do mercado. O Palmeiras, enciumado, já anunciou que efetuará uma concorrência para escolher um novo fornecedor (http://maquinadoesporte.uol.com.br/v2/noticias.asp?id=9432)\
A aposta da diretoria é que uma das grandes virtudes da Olympikus, por fazer parte de um grupo 100% brasileiro (Vulcabrás, que também administra a Reebok por aqui) é sua expertise em termos de Brasil. Trata-se de uma empresa cuja penetração e capilaridade no mercado nacional são realmente impressionantes. Querem fazer um teste? Vão ao site da empresa (www.olympikus.com.br), e procurem a seção “Onde Comprar”. Inacreditavelmente surgirá um mapa do Brasil, onde a pessoa poderá escolher seu estado, sua cidade e pasmem, seu bairro. Nele, estarão listadas cada lojinha de beira de esquina que vende Olympikus. Só na minha cidade (Volta Redonda, com apenas 300 mil habitantes) foram listados oito bairros, e muitas lojas das quais eu realmente nunca ouvi falar... o que é bom. Poderemos vender das mais sofisticadas lojas de shopping (ou mesmo nas lojas próprias que serão construídas) até as lojinhas mais simples e próximas ao povo. Isto é Flamengo, afinal.\ Nos tempos de Nike, me irritava a péssima navegabilidade e o excesso de “fogos de artifício” do site oficial. Nunca consegui encontrar nada por lá, nem lojas, nem produtos, nem referências ao Flamengo. Quem faz muita gracinha acaba perdendo o foco principal, que é VENDER. E mais: segundo consta no site Máquina do Esporte, o contrato da Nike com a CBF rende à confederação US$ 12 milhões anuais, o que no câmbio de hoje não chega a R$ 20 milhões por temporada. Superamos a própria Seleção! Não à toa, nosso time nacional continua empacado nesta patrocinadora que paga a ela quase o mesmo que a Arábia Saudita (!!!!) recebe de sua desconhecida fornecedora... (http://maquinadoesporte.uol.com.br/v2/noticias.asp?id=8409)\ Seja bem-vinda, Olympikus!\ E saibam que desde já, é OLK na cabeça! Não só em termos de artigos rubro-negros! Por exemplo, eu estava precisando muito de um tênis novo, e não sabia qual comprar. Esta semana, a dúvida se dissipou. Antes mesmo da estréia oficial dos caras como nossos fornecedores, eu já estou calçando um lindo (e barato, se comparando com as outras marcas) tênis Olympikus!\
E o rompimento com a Nike fez o Flamengo se reaproximar da Warner Bros, para fechar um contrato de licenciamento de produtos nos moldes em que a empresa americana fechou com o São Paulo. Com o time paulista, a parceria rendeu luvas de R$ 2,9 milhões logo de cara, além de royalties. Nesta toada, já seriam mais de R$ 15 milhões adicionais no orçamento do clube para 2008, sendo que a receita prevista no começo do ano era de R$ 100 milhões (em 2007, arrecadou-se R$ 90 milhões) . Dá pra ultrapassar facilmente a marca centenária, e se aproximar bastante do topo do ranking brasileiro de faturamento entre clubes de futebol, pertencente ao mesmo São Paulo, (R$ 120 milhões em 2007). No entanto, muito da arrecadação do São Paulo veio da venda de jogadores (Breno saiu por US$ 20 milhões, se não engano). Se isto for desconsiderado, o Fla é, de longe, o clube mais rico do Brasil. Mesmo com R$ 250 milhões em dívidas. Que ironia, não?
Saiu na mídia esta semana: “Pelé cita Flamengo como mau exemplo de administração”.
Mas também saiu na coluna do Ancelmo Góis, Jornal “O Globo”, 04/06/2008:
“Fla 1 x 0 Pelé
Pelé andou cuspindo fogo contra os dirigentes do Flamengo. Na verdade, a Pelé Sports acaba de perder ação contra o clube sobre direitos de transmissão da antiga Copa Mercosul, no valor de R$26 milhões.
A 18ª Câmara Cível do Rio aceitou a tese de Michel Assef Filho, advogado do Fla, de que o clube não devia ao Rei”.
Como era mesmo o negócio, Romário? “Pelé, calado, é um poeta?”
E não é que o time da torcida que come lavagem e arrota caviar chegou à final da Libertadores? Nunca vi um time tão cagão em toda a minha vida. Poderia ter dado tudo certo pro Fluminense. Poderia ter dado tudo errado pro Boca. Mas deu tudo certo pro Fluminense E tudo errado pro Boca, concomitantemente. Inacreditável. Enfim, olhando pelo lado bom, se perder a final da Libertadores pra LDU no Maracanã, vai ser um Maracanazzo pra apagar qualquer vestígio do nosso Cabañazzo. E é final de Libertadores, minha gente! A LDU tem time! Além do mais, o Once Caldas já bateu o Boca Juniors em plena final do mesmo campeonato...\ Mas não basta chegar aonde eles chegaram para serem tratados como time grande. Trata-se de uma alcunha que muitas vezes transcende a esfera dos resultados. Vejam só o que dá ser time pequeno. Declarações do presidente da famosíssima Liga Deportiva Universitária, Rodrigo Paz: “Eu preferia que o Boca vencesse. É um time de tradição, um time mundial". Para ele, o time argentino merecia a vitória no Maracanã porque "atacou mais, dominou a partida e criou chances de gol".\ "Mas estou conformado com a classificação do Fluminense, até porque acho que o Boca é mais time".\ Tô contigo e não abro. É dá-lhe Fla-LDU!\
Corinthians x Sport\ Público: 63.871 pagantes\ Renda: R$ 2.256.630,00\
Fluminense x Boca Juniors\ Público: 78.856 pagantes\ Renda: R$ 1.729.117,50\
Não pode, né?\ Já expus várias vezes aqui a minha opinião. Bilheteria precisa sim ser uma fonte representativa de receitas. É assim na Europa. Mas é preciso que haja bom senso. Ingresso barato quando tem que ser barato (e não o absurdo dos 40 reais em pleno Flamengo x Cardoso Moreira, como no esvaziado Estadual deste ano). E caro quando tem que ser caro. Neste sentido, o ingresso do jogo do Flu teria que ser mais caro do que o do jogo do Corinthians. Deveria se ter arrecadado mais. Primeiro porque tinha mais gente, e segundo porque era semifinal de Libertadores, simplesmente contra o Boca Juniors, o que vale mais do que qualquer final de Copa do Brasil! Na minha opinião, futebol é espetáculo assim como qualquer outro modo de entretenimento, portanto não tem aquele negócio de que “é injusto com o povo”. Se a demanda supera a oferta, o preço deve subir até o ponto de equilíbrio em que não se gere capacidade ociosa no estádio e nem filas quilométricas onde milhares e milhares de torcedores não consigam comprar ingressos (pelo fato de eles terem esgotado). Afinal, estamos num país onde os grandes shows de rock e pop já custam entre 200 e 300 reais, e nem por isso deixam de lotar. Muitas vezes, lotam o próprio Maracanã...\
vinicius.paiva@flamengorj.com.br