A volta por cima da Charanga rubro-negra
A 1º torcida organiza do Brasil, está dando a volta por cima. Fundada por Jayme de Carvalho em 1942, a Charanga Rubro-Negra ficou conhecida mundialmente pela sua forma de torcer e a “disposição” de estar onde o Flamengo estiver.
Jayme Carvalho morreu em 1976. Viveu 65 anos, sendo 34 dedicados à torcida do Flamengo. Após a sua morte, Dona Laura, viúva de Jayme, assumiu a direção da torcida.
Passado alguns anos, as dificuldades financeiras apareceram e a saúde também se debilitou. Dona Laura ficou doente e a Charanga foi aos poucos desaparecendo do Maracanã.
Como em um passe de mágica, típico das grandes torcidas, a Charanga vem reaparecendo nos jogos do Flamengo e dando a volta por cima.
Quem nos conta todo o processo de reestruturação da torcida, é Guigui, líder da banda e “velho de guerra” de Maracanã e da Charanga.
Guigui lembra das dificuldades enfrentadas pela torcida:
- Quando o Jayme faleceu, passei a tomar conta da torcida junto com a Dona Laura. Nossa situação era muito difícil. Não tínhamos dinheiro e o Flamengo nos ajudava. Infelizmente, chegou o ponto em que o clube não pode mais nos ajudar. O Flamengo tem os seus funcionários, suas dívidas e encargos financeiros. Acabamos passando por um processo muito complicado e a Charanga quase foi extinta – conta um emocionado Guigui.
A Charanga passou muitos anos comparecendo em número reduzido ao Maracanã. Segundo Guigui, o último jogo foi em 2004:
- Pelo que lembro, estávamos presentes na final da Copa do Brasil de 2004 contra o Santo André.
A partir dessa data, a torcida sumiu do Maracanã. A crise financeira crescia e ficava inviável comparecer aos jogos. Durante esses anos, a Charanga tocou em festas de casamento, aniversários, quinze anos e todos os eventos que envolviam o Flamengo. Tudo para conseguir manter a torcida em atividade e segurar as pontas financeiramente.
Quando tudo parecia perdido, apareceu uma luz no fim do túnel. No começo desse ano, a SUDERJ homenageou Jayme de Carvalho como torcedor símbolo do Flamengo. A Charanga foi convidada para tocar no evento e a lembrança do passado foi inevitável.
Por intermédio do Secretário de Esportes do Estado do Rio de Janeiro e ex-presidente da SUDERJ, Eduardo Paes, a Charanga foi convidada a retornar ao Maracanã recebendo uma “bolsa-auxílio”.
O retorno aconteceu no primeiro jogo da campanha da Libertadores 2008. Em pouco tempo a Charanga volta a ter sucesso. Localizada no setor das cadeiras azuis, já é possível perceber os simpatizantes da torcida e a festa feita pela banda no setor. Passado pouco mais de quatro meses do retorno, a Charanga já possui faixa e camisas à venda na Fla Boutique. Uma reestruturação que emociona Guigui:
- Ficamos muitos anos parados. Graças à ajuda de todos, hoje estamos melhores. Já andamos com os próprios pés. Acho que daqui a uns três anos estaremos estabilizados – conta um emocionado e confiante líder de banda.
Guigui aproveita para falar um pouco mais sobre a Charanga:
- Quando Jayme montou a banda, talvez por falta de conhecimento musical, os integrantes não sabiam tocar. Hoje é diferente. Somos 12 componentes. Todos são músicos profissionais. Tocamos as músicas da torcida e as tradicionais marchinhas de carnaval – conta Guigui.
O líder aproveita e explica o lema da torcida:
- Nossa finalidade é fazer festa. Brincamos nas vitórias e nas derrotas. O lema da Charanga é: “Flamengo na vitória e na derrota. Recebemos a vitória como prêmio e a derrota como estímulo”.
Guigui encerra com a grande característica da Charanga:
- Não importa o que acontecer. Estaremos onde o Flamengo estiver.
A volta da Charanga faz bem ao futebol, ao Maracanã e principalmente ao Flamengo. O maior clube do Mundo tem a maior torcida do mundo e a primeira torcida organizada do Brasil. Torcida que passou por um momento difícil, mas hoje volta os jogos apoiando e fazendo diferença como entre os anos 40 e 70, quando Jayme era vivo e fazia de tudo pelo Flamengo.
A volta da Charanga é fantástica para o Clube de Regatas do Flamengo!
Vinicius Castro é repórter do site FLAMENGO RJ e escreve sobre o dia-a-dia do Flamengo no Blog Repórter