O relógio marcava zero na Arena UniBH no último sábado. o Flamengo, maior campeão da Super 8, confirmava o bicampeonato consecutivo e o tetra geral do torneio mata-mata. No meio da comemoração recheada de veteranos multicampeões pelo Orgulho da Nação, como Franco Balbi, Jhonatan Luz e o treinador Gustavo de Conti, um menino de São Luís, no Maranhão, gritava: “Eu voltei pra vencer, eu voltei pra ser campeão”.

Ruan Miranda cresceu cercado pelo esporte, influenciado diretamente por sua tia, Iziane Castro, ex-jogadora da seleção brasileira de basquete feminino, que ostenta duas olimpíadas no currículo. Desde pequeno, o basquete fez parte de sua rotina, e Iziane teve um papel fundamental nisso.

"Minha tia sempre foi uma grande influência, pois como todos sabem ela era atleta e sempre fazia com que eu tivesse imerso nesse ambiente - me apresentando aos poucos o basquete", relembra Ruan.

Apesar da tradição da família com a bola laranja, o esporte favorito do jovem maranhense era o vôlei - e foi só em 2014 que, a convite da seleção do estado, Ruan participou do seu primeiro campeonato de basquete. Desde cedo, ele se destacou entre os jovens talentos, sendo chamado para treinar com o time profissional do Flamengo aos 15 anos. "Meu primeiro contato com o clube foi um divisor de águas. Era um sonho estar em um time desse nível, com uma estrutura gigantesca e uma tradição imensa. Eu sabia que precisava agarrar essa chance e dar o meu melhor", conta.

A primeira passagem do menino prodígio pela Gávea não poderia ser diferente. Mesmo com pouco tempo de quadra, Ruan colecionou títulos importantes, como o NBB, a Super 8 e a Champions League Americas. "Conviver todos os dias com jogadores experientes me fez evoluir muito, tanto tecnicamente quanto mentalmente. Eu absorvia tudo, entendendo que aquele período era fundamental para o meu crescimento e que deveria ser paciente, mesmo querendo entrar em quadra".

Em busca de mais oportunidades, Ruan deixou o Flamengo ao fim da temporada de 2021. O menino rodou pelo basquete brasileiro, foi eleito destaque jovem do NBB, MVP da Liga de Desenvolvimento e chegou a ter suas primeiras experiências com a seleção brasileira. Na última temporada, Ruan estava no basquete do México, com passagens pelo Capitanes e Astros de Jalisco.

No final de 2024, o Flamengo buscava reforçar o seu garrafão e viu no Cria da Gávea a oportunidade perfeita. Ruan, já mais maduro e consolidado como atleta, chegou para exercer um novo papel no rubro-negro: o de destaque. "Voltar para o Flamengo foi uma surpresa pra mim, eu não esperava a proposta, mas assim que Gustavo (De Conti) entrou em contato, eu fiquei muito entusiasmado para aceitar e voltar para o Mengão. Era meu sonho voltar e ser protagonista aqui".

E o retorno de Ruan se mostrou muito acertado. Cestinha rubro-negro na final da Super 8, o pivô protagonizou o lance mais decisivo da partida, com um toco no último minuto em cima de Franco Baralle, armador minas-tenista.

"Poder conquistar um título logo na primeira temporada completa, sendo protagonista, foi uma sensação indescritível. Ser o cestinha da final e ainda ter um momento marcante, como o toco no último minuto, foi especial. É aquele tipo de coisa que você sonha em fazer quando está na base vendo os outros jogadores. Viver isso na realidade foi surreal".

Agora, o objetivo é continuar escrevendo sua história com o Manto Sagrado. "Eu voltei para isso, para ser campeão, para ter um papel decisivo e deixar minha marca na história do Flamengo. Quando o jogo acabou e o título estava garantido, a sensação foi exatamente essa: missão cumprida. Claro que a ambição continua, e temos mais objetivos pela frente", concluiu Ruan.

O próximo compromisso do jovem pivô tem data e hora marcada: na manhã deste domingo, às 11h10, o Mais Querido enfrenta o Boca Jrs, no Ginásio Hector Etchart, em Buenos Aires, pela Champions League Americas. Na segunda, às 21h20, o Flamengo fecha a fase classificatória do cotejo continental contra o Toros de Chiriqui, no mesmo palco. Vale lembrar que o Orgulho da Nação já garantiu o primeiro lugar do grupo B e, consequentemente, a classificação às quartas de final do torneio.