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Recuperação acima da média

Profissionais do clube destacam disciplina de Paulo Victor como fator determinante para volta em um mês e meio

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No dia 16 de junho, a torcida levou um susto. Paulo Victor fraturou a fíbula em treino realizado no campo 2 do Centro de Treinamento George Helal. A lesão não era simples, mas, naquele dia, o atleta, conhecido pela disciplina e personalidade ímpar, decretou que faria o que fosse possível para voltar o quanto antes. A partir dali, iniciou-se uma contagem regressiva, que chegará ao fim às 16h de domingo (02.08), contra o Santos, no Estádio do Maracanã.

O planejamento precisava ser seguido à risca e demandava muita dedicação dos profissionais do clube e do atleta. Desde o início, o camisa 48 deixou claro que não se conformaria em fazer apenas o trivial. Ele queria fazer mais e melhor. O resultado foi uma recuperação acima da média, como o próprio Dr. Márcio Tannure destaca.

"A fratura na fíbula requer tempo de recuperação normalmente de quatro a seis semanas, podendo chegar a oito. A recuperação dele foi acima da média, porque com quatro semanas ele já estava treinando no campo. Levou o mínimo de tempo possível. A gente acompanhou ele quinzenalmente, e, quando realizamos o último raio-x, há cerca de dez dias, já estava consolidado, com calo ósseo. Está clinicamente liberado.", afirmou o médico do clube.

Volta aos trabalhos em seis dias
Na semana que antecedeu a partida contra o Goiás, Paulo Victor já apresentava uma melhora considerável. De acordo com Dr. Tannure, o jogador só não viajou para Goiânia, pois, apesar de a fratura estar consolidada, ainda tinha que fazer um trabalho no campo e testá-lo em todos os movimentos de salto e impacto."Foi uma precaução médica e técnica.", resumiu. Na parte física, o goleiro também já estava próximo dos 100%.

Apenas seis dias após a lesão, começou a exercitar os membros superiores com o preparador físico Diogo Linhares, responsável por fazer a transição dos atletas do Departamento Médico para o campo, e pelo treinamento de força realizado na academia. Ele está em sua segunda passagem pelo Flamengo (primeira foi de 2010 a 2011) e diz que encontrar uma pessoa determinada, como o titular do gol rubro-negro, só ajuda na execução das tarefas e no final bem sucedido. No total, Diogo e Paulo Victor ficaram juntos seis semanas, cumprindo a programação elaborada em conjunto entre preparação física, Departamento Médico, fisioterapia e o preparador de goleiros Wagner Miranda, sempre com a ciência de Cristóvão Borges. Um trabalho multidisciplinar, com atuação e troca de ideias de todos.

"Fizemos tudo de maneira gradual. Como ele ficou pouco tempo afastado após a lesão, não perdeu muita coisa. Respeitamos a fase de recuperação dele. Em cada evolução constatada, incrementávamos algum tipo de treinamento. Nestes dias juntos, trabalhamos as valências físicas determinantes para uma alta performance do futebol, como força, potência e velocidade. Procuramos, e conseguimos, que ele voltasse diretamente para os treinamentos técnicos e táticos no campo, sem ter a necessidade de fazer qualquer recondicionamento. Foi muito legal. Exercitamos na academia e no campo; utilizamos a fit light (a partir da terceira semana) para os trabalhos de tempo e velocidade de reação dos membros superiores. Ele está muito bem fisicamente. É com muita alegria e felicidade que acompanhamos o Paulo Victor voltando a fazer o que gosta e sabe fazer muito bem.", disse Diogo.

Nesta semana que antecede a volta aos gramados, o preparador disse que tiveram um cuidado especial. Antes de cada treino no campo, faziam uma ativação preventiva na musculatura e na articulação do goleiro, no local onde ocorreu a lesão. Todo o trabalho acerca do titular do Flamengo recebeu elogios do treinador de goleiros Wagner Miranda, que iniciou com ele a readaptação no campo no dia 11 de julho.

"Paulo Victor está muito feliz, por ter retornado aos treinamentos com bola e com o grupo. O trabalho foi muito bem feito pelo Departamento Médico, pela fisioterapia, pelo Diogo Linhares, até chegar na minha mão. O trabalho de transição feita pelo Diogo foi de alto nível, nos deu condição de fazer trabalho técnico mais evoluído com o atleta, que deu uma resposta muito positiva. Estamos felizes.", disse.

Wagner Miranda troca folgas por treinos com Paulo Victor
Depois de jogar fora do estado, não era incomum ver os membros da delegação tomarem o rumo de casa, enquanto Wagner Miranda seguia direto para o CT, onde Paulo Victor o aguardava para mais uma sessão programada de treinos. Nem os horários alternativos foram capazes de mudar a rotina, como no retorno de Recife, quando o Flamengo chegou ao Rio de Janeiro antes das 6h. Em dias de jogos no Estádio do Maracanã, levava o atleta para realizar exercícios na areia pela manhã antes de se apresentar na concentração para acompanhar o jovem Cesar nas partidas.

"Paulo Victor tem capacidade muito grande de retomar o condicionamento técnico. Não precisamos realizar atividade especial visando melhorar algum fundamento, que por ventura tenha perdido um pouco pelo tempo afastado. Ele está tecnicamente muito bem. Até o jogo, coloquei em prática uma evolução gradual de treinamentos, passando por todas as situações de jogo. Trabalhos específicos. Ele deu resposta bem positiva, fazendo os movimentos da mesma maneira que os demais goleiros, sem algum tipo de diferença. A velocidade de reação é uma coisa que poderia ter sofrido interferência pelo tempo em que ficou parado, mas não. Continua com a mesma velocidade de reação. Atribuo isso à pessoa, ao jogador, pois não deixou cair. E ao treinamento, ao volume que foi feito para ele. Graças a Deus nosso trabalho, com todos se doando, deu certo e ele está vindo muito bem.", comemorou Wagner, que não deixou de elogiar César, que substituiu o camisa 48 durante este tempo. "É um grande goleiro, uma aposta que temos no Flamengo. Um jogador que eu, particularmente, aposto muito. Acredito que futuramente será um grande nome dentro do Flamengo."

Disciplina e determinação: marcas registradas
Em alguns dias, Paulo Victor trabalhou em período integral para ter número maior de treinamentos, adiantar seu processo e adquirir confiança. Todavia, quando estava programado apenas um período de atividade, o goleiro costumava pedir para trabalhar integralmente. "Uma hora, uma hora e meia a mais por dia faz diferença no final.", dizia. Esta força de vontade, o foco e a disciplina foram marcas registradas e fatores determinantes, de acordo com os profissionais que cuidaram dele.

"A disciplina, a vontade de querer ficar bom, estar 100%, alinhado com o Departamento Médico, ajudou muito. A questão genética também, por conta da consolidação óssea que interfere em vários fatores. Vai da característica de cada corpo, e isso pode variar o tempo de recuperação, mas ele tem uma força de vontade que ajuda muito.", avaliou Dr. Márcio Tannure. Diogo Linhares seguiu a mesma linha. "Trabalhar com o Paulo Victor é muito fácil. É excelente. Ele é muito dedicado, disciplinado ao extremo, cumpre à risca todas as determinações passadas. Foi um grande diferencial nesta recuperação. Somado a todo o trabalho multidisciplinar do corpo técnico.", afirmou.

Wagner Miranda também chamou a atenção para outro diferencial. "É extremamente determinado, traça metas e se doa para que aconteçam. Está sempre pensando positivo. É isso que faz com que seja um pouco diferente. A parte psicológica dele ajudou muito na recuperação. Disciplina para o atleta é fundamental. O Paulo Victor é extremamente disciplinado, assim como o César, o Daniel e o Thiago.", concluiu.

Paulo Victor: 'Feliz por voltar a vestir a camisa do Flamengo'
Com a proximidade do jogo, Paulo Victor não esconde a ansiedade, a felicidade é lembra com um pouco de tristeza os dias afastados. Em grande fase antes da lesão, agora espera retomar as boas exibições e ajudar o clube a continuar subindo na tabela. E a volta será justamente em casa, com Maracanã tomado pela Nação, acostumada a saudá-lo como "melhor do Brasil".

"Estou feliz com a proximidade da volta. É difícil lidar com uma lesão grave, uma fratura. A gente batalha tanto para jogar, vestir a camisa do Flamengo. Acidentes acontecem e pegam a gente de surpresa. É preciso ter a cabeça no lugar e entender que essas coisas acontecem na vida, mas por outro lado a gente fica um pouco triste. Logo que me machuquei, procurei ver o que poderia fazer para voltar o quanto antes. O médico mesmo pedia para eu andar bastante para começar a movimentar o local. Em certos momentos você precisa descansar um pouco, lógico. Tenho certeza de que tudo que eu podia fazer para voltar logo, e bem, eu fiz, junto com a comissão.", disse.

Há pouco mais de uma década na Gávea, o atleta mantém a humildade do início, quando chegou para jogar nas divisões de base. Compreende a importância de reconhecer e retribuir demonstrações de afeto e consideração. Mais uma etapa foi superada, objetivos alcançados, sem deixar de lembrar daqueles que ajudam a não deixar a engrenagem parar.

"Feliz com o carinho que recebi de todos, a preocupação. Parte médica, física. O Diogo Linhares foi muito importante; a fase do Wagner, que vinha na folga dele para me dar treino; todos da fisioterapia, que se dedicaram, às vezes indo na minha casa. Temos que ser gratos. O futebol é muito competitivo, as coisas acontecem muito rápido e estes profissionais procuram acompanhar isso para colocar o jogador em campo o mais rápido possível. Muito obrigado."